REAL AUTO ÔNIBUS É UMA DAS EMPRESAS MAIS SUCATEADAS DEPOIS DA IMPLANTAÇÃO DO ESCONDE-ESCONDE DA PINTURA PADRONIZADA.
O Brasil virou um país surreal, pois medidas prejudiciais à população e aberrantes violações à lei, nos mais diversos sentidos, permanecem insolúveis e sem prazo para alguma punição ou revogação. A desinformação e o conformismo generalizados da população e a gama de interesses espúrios e paradigmas dominantes, mas decadentes, contribui para esse caos "naturalizado" permanecer.
Tenta-se resolver isso ou aquilo eventualmente. Mas, mesmo assim, remediando males em vez de preveni-los. O decadente Rio de Janeiro, que pelo jeito anda sendo ruim de voto - elegeu parlamentares depois denunciados ou condenados por corrupção e outros crimes, de Sérgio Cabral Filho a Jair Bolsonaro - , recentemente teve o julgamento de impeachment do prefeito da capital fluminense, Marcello Crivella.
Crivella era acusado de crime de responsabilidade, por suposto favorecimento a entidades e lideranças evangélicas, criando facilidades que envolveriam desde o IPTU das igrejas evangélicas a ações de natureza pessoal, como a cirurgia para catarata de pastores evangélicos. Uma das maiores beneficiadas, segundo esta acusação, é a própria Igreja Universal do Reino de Deus, da qual o prefeito carioca é também bispo.
A admissibilidade de votação do impeachment foi dada por maioria simples dos 47 parlamentares presentes na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. A votação foi marcada para o dia 12, por decisão da Procuradoria da casa legislativa.
De um total de 51 vereadores que atuam na casa legislativa, quatro não haviam comparecido: Chiquinho Brazão (Avante), Marcello Siciliano (PHS), suspeito de envolvimento na morte da colega Marielle Franco (PSOL), Carlos Bolsonaro (PSC), um dos filhos do presidenciável Jair, e Verônica Costa (MDB), ligada ao "funk carioca".
Em uma votação que incluiu até gestos obscenos do vereador evangélico Otoni de Paula (PSC), parodiando uma drag queen para ofender o também vereador David Miranda (PSOL), este também marido do jornalista estadunidense radicado no Brasil, o famoso Glenn Greenwald, o resultado foi de 29 votos contra a saída de Crivella, se opondo a 16 votos a favor e duas abstenções.
Crivella havia perdido, pela morte por infarto, o seu vice, o engenheiro urbanista Fernando MacDowell. Antes de afastar da Secretaria Municipal de Transportes, MacDowell havia prometido desfazer a pintura padronizada nos ônibus e a reformulação de linhas de ônibus municipais (que esquartejaram itinerários, visando forçar a baldeação pelo Bilhete Único), mas esbarrou em conflitos com empresários de ônibus, sobretudo no que se diz aos preços das passagens.
A situação do sistema de ônibus carioca se complicou desde que um modelo desgastado, inspirado no decadente padrão de Jaime Lerner implantado em Curitiba durante a ditadura militar, que no Rio foi imposto por Eduardo Paes em 2010 e radicalizado em 2015.
Com o fim de várias linhas diretas ligando Zona Norte e Zona Sul - que só foi freado por liminares na Justiça, que barraram o esquartejamento de trajetos importantes de linhas como 455 Méier / Copacabana e 474 Jacaré / Jardim de Alah - e a retirada de uma considerável quantidade de ônibus das ruas, Rio de Janeiro viu seu trânsito piorar, dentro de uma cultura de valorização excessiva dos automóveis.
Essa cultura de supervalorização é reforçada pela mídia já de manhã, quando os intervalos dos telejornais matinais bombardeiam as telas de comerciais de automóveis, concessionárias e peças automotivas. Fala-se em "sobreposição" de trajetos das linhas Norte-Sul cariocas, mas ninguém reclama da sobreposição de comerciais de marcas concorrentes de automóveis num mesmo módulo de comerciais de TV.
Pesquisa divulgada pela empresa Expert Market divulgou que o Rio de Janeiro está em último lugar entre as capitais mundiais por conta de problemas no transporte e no trânsito. Critérios como o tempo de baldeação (que o esquartejamento de trajetos longos faz complicar) e o custo do transporte em relação ao salário dos trabalhadores foram avaliados.
Rio de Janeiro aparece em situação pior que a de Salvador, que, com todos os seus problemas de tráfego, se empenha em resolver os problemas, criando rodovias de escoamento de trânsito e passarelas para pedestres no sentido de evitar o conflito da espera de transeuntes para atravessar uma rua e o limite do semáforo que causa congestionamentos.
Quanto à pintura padronizada nos ônibus, o problema causa a crise no sistema de ônibus com a desvalorização do serviço - as empresas se desleixam ao serem proibidas de apresentar as respectivas identidades visuais - que causa confusão nos passageiros (já sobrecarregados de tarefas cotidianas, eles ainda são obrigados a diferenciar uma empresa de ônibus de outra, sob uma pintura igual) e estimula, pelo esconde-esconde visual, a corrupção empresarial.
A prevalência da pintura padronizada é motivada, além dos conflitos entre a Prefeitura do Rio de Janeiro e os empresários de ônibus, como na "batalha das tarifas", pela continuidade da lamentável prática em cidades como São Paulo e Curitiba, cujos sistemas de transporte estão tão decadentes que as prefeituras tentam flexibilizar, mudando pequenas regras, para requentar o desgastado e já obsoleto "modelo Jaime Lerner".
Diante disso, a brincadeira de esconde-esconde das empresas de ônibus continua no Rio de Janeiro, com o consentimento até do Movimento Passe Livre (que poderia ter se destacado no combate à pintura padronizada, mas se reteve e foi ultrapassado, em visibilidade, pelo clone Movimento Brasil Livre). E os pobres dos passageiros correndo o risco de embarcar nos ônibus errados, devido à uniformidade visual...
O Brasil virou um país surreal, pois medidas prejudiciais à população e aberrantes violações à lei, nos mais diversos sentidos, permanecem insolúveis e sem prazo para alguma punição ou revogação. A desinformação e o conformismo generalizados da população e a gama de interesses espúrios e paradigmas dominantes, mas decadentes, contribui para esse caos "naturalizado" permanecer.
Tenta-se resolver isso ou aquilo eventualmente. Mas, mesmo assim, remediando males em vez de preveni-los. O decadente Rio de Janeiro, que pelo jeito anda sendo ruim de voto - elegeu parlamentares depois denunciados ou condenados por corrupção e outros crimes, de Sérgio Cabral Filho a Jair Bolsonaro - , recentemente teve o julgamento de impeachment do prefeito da capital fluminense, Marcello Crivella.
Crivella era acusado de crime de responsabilidade, por suposto favorecimento a entidades e lideranças evangélicas, criando facilidades que envolveriam desde o IPTU das igrejas evangélicas a ações de natureza pessoal, como a cirurgia para catarata de pastores evangélicos. Uma das maiores beneficiadas, segundo esta acusação, é a própria Igreja Universal do Reino de Deus, da qual o prefeito carioca é também bispo.
A admissibilidade de votação do impeachment foi dada por maioria simples dos 47 parlamentares presentes na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. A votação foi marcada para o dia 12, por decisão da Procuradoria da casa legislativa.
De um total de 51 vereadores que atuam na casa legislativa, quatro não haviam comparecido: Chiquinho Brazão (Avante), Marcello Siciliano (PHS), suspeito de envolvimento na morte da colega Marielle Franco (PSOL), Carlos Bolsonaro (PSC), um dos filhos do presidenciável Jair, e Verônica Costa (MDB), ligada ao "funk carioca".
Em uma votação que incluiu até gestos obscenos do vereador evangélico Otoni de Paula (PSC), parodiando uma drag queen para ofender o também vereador David Miranda (PSOL), este também marido do jornalista estadunidense radicado no Brasil, o famoso Glenn Greenwald, o resultado foi de 29 votos contra a saída de Crivella, se opondo a 16 votos a favor e duas abstenções.
Crivella havia perdido, pela morte por infarto, o seu vice, o engenheiro urbanista Fernando MacDowell. Antes de afastar da Secretaria Municipal de Transportes, MacDowell havia prometido desfazer a pintura padronizada nos ônibus e a reformulação de linhas de ônibus municipais (que esquartejaram itinerários, visando forçar a baldeação pelo Bilhete Único), mas esbarrou em conflitos com empresários de ônibus, sobretudo no que se diz aos preços das passagens.
A situação do sistema de ônibus carioca se complicou desde que um modelo desgastado, inspirado no decadente padrão de Jaime Lerner implantado em Curitiba durante a ditadura militar, que no Rio foi imposto por Eduardo Paes em 2010 e radicalizado em 2015.
Com o fim de várias linhas diretas ligando Zona Norte e Zona Sul - que só foi freado por liminares na Justiça, que barraram o esquartejamento de trajetos importantes de linhas como 455 Méier / Copacabana e 474 Jacaré / Jardim de Alah - e a retirada de uma considerável quantidade de ônibus das ruas, Rio de Janeiro viu seu trânsito piorar, dentro de uma cultura de valorização excessiva dos automóveis.
Essa cultura de supervalorização é reforçada pela mídia já de manhã, quando os intervalos dos telejornais matinais bombardeiam as telas de comerciais de automóveis, concessionárias e peças automotivas. Fala-se em "sobreposição" de trajetos das linhas Norte-Sul cariocas, mas ninguém reclama da sobreposição de comerciais de marcas concorrentes de automóveis num mesmo módulo de comerciais de TV.
Pesquisa divulgada pela empresa Expert Market divulgou que o Rio de Janeiro está em último lugar entre as capitais mundiais por conta de problemas no transporte e no trânsito. Critérios como o tempo de baldeação (que o esquartejamento de trajetos longos faz complicar) e o custo do transporte em relação ao salário dos trabalhadores foram avaliados.
Rio de Janeiro aparece em situação pior que a de Salvador, que, com todos os seus problemas de tráfego, se empenha em resolver os problemas, criando rodovias de escoamento de trânsito e passarelas para pedestres no sentido de evitar o conflito da espera de transeuntes para atravessar uma rua e o limite do semáforo que causa congestionamentos.
Quanto à pintura padronizada nos ônibus, o problema causa a crise no sistema de ônibus com a desvalorização do serviço - as empresas se desleixam ao serem proibidas de apresentar as respectivas identidades visuais - que causa confusão nos passageiros (já sobrecarregados de tarefas cotidianas, eles ainda são obrigados a diferenciar uma empresa de ônibus de outra, sob uma pintura igual) e estimula, pelo esconde-esconde visual, a corrupção empresarial.
A prevalência da pintura padronizada é motivada, além dos conflitos entre a Prefeitura do Rio de Janeiro e os empresários de ônibus, como na "batalha das tarifas", pela continuidade da lamentável prática em cidades como São Paulo e Curitiba, cujos sistemas de transporte estão tão decadentes que as prefeituras tentam flexibilizar, mudando pequenas regras, para requentar o desgastado e já obsoleto "modelo Jaime Lerner".
Diante disso, a brincadeira de esconde-esconde das empresas de ônibus continua no Rio de Janeiro, com o consentimento até do Movimento Passe Livre (que poderia ter se destacado no combate à pintura padronizada, mas se reteve e foi ultrapassado, em visibilidade, pelo clone Movimento Brasil Livre). E os pobres dos passageiros correndo o risco de embarcar nos ônibus errados, devido à uniformidade visual...
Comentários
Postar um comentário