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MESMO COM PIOR TRÂNSITO, SALVADOR TENTA RESOLVER PROBLEMAS. JÁ NITERÓI...

EM NITERÓI, NO CRUZAMENTO DA RJ-100 COM RJ-106, TERRENO COM MURO QUEBRADO DEVERIA SER DEMOLIDO PARA NOVA RODOVIA. MAS NINGUÉM SE PREOCUPA COM ESSA URGÊNCIA DA MOBILIDADE URBANA.

Salvador está em 70ª colocação entre as cidades com pior sistema de transporte, segundo dados recentes levantados pela Expert Market. Havia também sido considerada uma das piores em trânsito no Brasil, segundo outros levantamentos. Mesmo assim, a capital baiana busca o máximo de empenho para resolver seus problemas de trânsito, criando uma série de medidas para permitir maior fluidez do trânsito de veículos.

Em comparação com Niterói, ex-capital fluminense que, oficialmente, é considerada quarta maior cidade em Índice de Desenvolvimento Humano (critério que avalia os níveis de qualidade de vida nas cidades, segundo as Nações Unidas), Salvador estabelece com a cidade vizinha ao Rio de Janeiro uma relação que beira a uma comédia surreal.

A "evoluída" Niterói vive hoje um surto de acomodação na qual seus próprios cidadãos são surdos a seus próprios problemas. Textos sobre problemas mais complexos da cidade são praticamente boicotados, daí a baixa repercussão na Internet e nas redes sociais. Niterói tem até um grande e preocupante número de fumantes, indiferentes à sua própria tragédia iminente, enquanto a "preguiçosa" Salvador está entre as cidades onde menos se fuma no Brasil.

NA "PREGUIÇOSA" SALVADOR (ACIMA), CONSTROEM-SE TERMINAIS DE ÔNIBUS EM BAIRROS DIVERSOS, COMO O TERMINAL ACESSO NORTE, MAS NA "EVOLUÍDA" NITERÓI (FOTO ABAIXO), SE LIMITA A CRIAR PONTOS IMPROVISADOS EM TERRENOS BALDIOS, APENAS ASFALTADOS, COMO NO RIO DO OURO.

O detalhe surreal está no fato de que a "moderna" Niterói anda indiferente a necessidades como a criação da nova avenida entre Rio do Ouro e Várzea das Moças, uma necessidade diante da sobreposição de funções da rodovia estadual RJ-106 (também conhecida como Rodovia Amaral Peixoto), que liga Niterói a Região dos Lagos, mas no trecho entre os citados dois bairros, que carecem de avenida própria de ligação, ela ganha a função de "avenida de bairro".

A acomodação é tanta que atinge a mídia niteroiense, que não escreve uma linha sobre essa sobreposição de funções da rodovia RJ-106. Nem o Niterói Radar, principal página de notícias sobre Niterói nas redes sociais, põe o problema na pauta, mais preocupado em reclamar de um ponto de linhas de ônibus no Colégio Salesiano do que da falta de uma avenida própria ligando Rio do Ouro a Várzea das Moças, um dos problemas menos graves no cotidiano dos niteroienses.

A falta de consciência da mobilidade urbana em Niterói - que, com maior atraso do que Salvador, readapta calçadas para deficientes e cria supermercados grandes e com corredores largos - é tanta que se faz um carnaval só com medidas necessárias porém insuficientes como o recapeamento de ruas e avenidas, agora com alarde para "novidades" como drenagem de várias camadas do asfalto.

ENQUANTO SALVADOR SE ESFORÇA EM CRIAR PASSARELAS PARA PEDESTRES PARA FAVORECER A FLUIDEZ DO TRÂNSITO...

Cada vez mais se comportando como uma cidade do interior, isolada no seu próprio narcisismo, Niterói leva às últimas consequências a acomodação e o conservadorismo que já causam a decadência do vizinho Rio de Janeiro.

Enquanto Salvador, mesmo com posições desvantajosas no âmbito do trânsito, transporte e mobilidade urbana, realiza uma série de trabalhos, enfrentando problemas e se empenhando o máximo para resolver os transtornos diversos, Niterói, que também tem sérios problemas de trânsito, se limita a fazer ações meramente pontuais, se conformando, com um comodismo irritante, com seus próprios e gravíssimos problemas.

Por sorte, Niterói deixou de ser capital de Estado, o que a exclui da avaliação de capitais brasileiras mediante levantamentos sobre situações diversas. No caso de Niterói continuar sendo capital do Estado do Rio de Janeiro e o município vizinho, o da Guanabara, a cidade governada pelo prefeito Rodrigo Neves também iria estar entre as piores em transporte e trânsito nos levantamentos a respeito.

...EM NITERÓI PERMANECE A IRRITANTE DEMORA NOS SINAIS PARA PEDESTRES E A FALTA DE PASSARELAS QUE PODERIAM DISPENSAR O USO DE SEMÁFOROS QUE CAUSAM RETENÇÕES NO TRÂNSITO.

Surda aos problemas mais graves, a Niterói que festeja demais um simples e obrigatório recapeamento do asfalto como se fosse uma "revolução na mobilidade urbana", se recusa a construir passarelas no entorno urbano, achando que isso causaria "poluição visual" na cidade.

Não, não causa. Em Salvador, o grande número de passarelas, em bairros como Pituba, Barra e no entorno das avenidas Tancredo Neves e Luís Viana Filho (Paralela), só reforça a beleza dessas áreas, combinada com a funcionalidade dessas vias para pedestres, feitas para dispensar a "briga" entre motoristas e transeuntes pelo tráfego de uma rua.

A irritante espera de transeuntes para atravessar os curtos sinais para pedestres em áreas como o encontro da Avenida Roberto Silveira e Rua Miguel de Frias com a Av. Marquês do Paraná, na área próxima ao Rio Cricket, é um problema de mobilidade urbana que, supostamente, pode não influir no fluxo de veículos, que têm um tempo maior de sinal verde, mas ainda assim não deixa de complicar o trânsito.

O grande erro também de transformar a Av. Roberto Silveira numa via de mão única - apenas com alguns horários de via de mão dupla - , na incapacidade de criar outras alternativas viárias e novas avenidas, reflete o comodismo de uma Niterói que parece não entender direito o que é mobilidade urbana.

Um exemplo é que seria possível demolir áreas paralelas à Rua Noronha Torrezão (uma das piores em tráfego de veículos de Niterói), criando avenidas de ligação tanto do lado da Av. Jansen de Mello (incluindo um túnel) quanto da Rua Vereador Duque Estrada à Estrada Viçoso Jardim, além da duplicação do trecho da Rua Benjamin Constant no Ponto Cem Réis (que exigira demolição de casas, com indenização justa aos proprietários), para amenizar o trânsito.

ENQUANTO O TERMINAL JOÃO GOULART SE SOBRECARREGA SEM NECESSIDADE COM LINHAS RODOVIÁRIAS, O TERMINAL ROBERTO SILVEIRA (RODOVIÁRIA DE NITERÓI) TEM ESPAÇOS VAGOS, CHEGANDO A ESTAR VAZIO EM VÁRIOS MOMENTOS.

Outro problema em Niterói é a má distribuição de linhas de ônibus, causando sobrecarga quando linhas rodoviárias com destino para a Baixada Fluminense, Maricá, Araruama, Itaboraí e Rio Bonito estão paradas no Terminal João Goulart, sobrecarregando seu fluxo de ônibus, enquanto, na Rodoviária de Niterói (Terminal Roberto Silveira), há lugares ociosos, deixando a rodoviária vazia por vários momentos.

As linhas para os destinos referidos no Terminal João Goulart já têm versões urbanas. A transferência das versões rodoviárias para o Terminal Roberto Silveira, uma solução desprezada pelos niteroienses, ajudaria a aliviar o fluxo no TJG e a dar movimentação na Rodoviária de Niterói, permitindo melhorias no trânsito que ajudariam muito na mobilidade urbana.

Mas, infelizmente, poucos conseguem dar conta dessa necessidade, apesar de muitos viverem os transtornos gerados pela atual situação. É triste saber que os niteroienses vivem seus transtornos e, mesmo assim, não gostam de ver esses problemas denunciados e as soluções apontadas, porque pensam que isso traria mais custo e problemas para a cidade. Acham que solução gera novos problemas e que os problemas atuais já são soluções. Vai entender.

Soluções assim entram num ouvido e saem no outro, por parte dos niteroienses que, salvo exceções, se acomodam com o futebol do município vizinho e com o hábito masoquista de destruir seus pulmões e fragilizar seus corações com altas doses de nicotina. Assim, não há IDH que coloque Niterói às alturas, com a cidade, na prática, despencando em qualidade de vida e perigando ter quedas vertiginosas de expectativa de vida, por causa do "direito de fumar".

IDH não quer dizer "Iesu Domini Homini" ("Jesus, Deus dos Homens", em latim caricato). Significa Indice de Desenvolvimento Humano. E IDH não se dá de graça, IDH não cai do céu. Como no conto da lebre e da reposa, a "elevada" Niterói, como lebre dos índices oficiais de qualidade de vida, se acomoda no seu narcisismo autista, ultrapassada pela Salvador do estereótipo "preguiçoso", mas com espírito de muito trabalho como na tartaruga do famoso conto, que acaba vencendo a corrida.

Convém Niterói ouvir seus próprios problemas e mudar suas posições. Deixar, por exemplo, que a necessidade de nova avenida ligando Rio do Ouro a Várzea das Moças seja levada em conta o mais rápido possível, evitando o vexame da via Cafubá-Charitas, "adormecida" durante sete décadas.

Seria bom que os niteroienses abrissem mão de suas zonas de conforto (sobretudo "regadas" a muito cigarro), aceitassem admitir novos problemas e buscar soluções. Se os niteroienses não aguentam tomar conhecimento de certos problemas, que façam o possível para resolvê-los.

Esperemos também que a imprensa niteroiense comece a falar da nova avenida Rio do Ouro-Várzea das Moças, a Cafubá-Charitas da vez, deixando a RJ-106 para a Região dos Lagos e tirando dela o fardo da sobreposição de funções, quando uma rodovia estadual, numa área entre dois bairros, acumula a incômoda função de "avenida de bairro", causando prejuízo no trânsito.

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