Foi uma rajada de metralhadora nas rodas do atual Grupo Mauá Rio Ita, o fim da Transturismo Rio Minho, icônica empresa surgida em 1961, com sua frota circulando com o adesivo da Expresso Rio de Janeiro, devido à fusão para diminuir o patrimônio do gigantesco grupo empresarial.
Tornando-se um erro estratégico grosseiro, a medida lembra a fusão entre a Auto Ônibus Fagundes e a Viação Santa Izabel, um dos fatores do inchamento do antigo Grupo Rio Ita, que acabou sofrendo uma crise econômica grave que resultou na aquisição do Grupo Mauá.
O inchamento influía, entre outros fatores, na falta de manutenção da frota gigantesca e no sucateamento da frota, que teria que ser renovada em grande quantidade, dando uma sobrecarga na administração das poucas empresas do antigo grupo, que já havia ceifado outra empresa icônica, a Viação Cabussu. A dificuldade da Auto Ônibus Fagundes em operar suas mais diversas linhas, inclusive rodoviárias, é bastante sintomático.
O fim da Rio Minho causa calafrios, antecipando o que o Grupo Guanabara fará em âmbito nacional, ceifando empresas icônicas como Útil e Real Expresso. O risco do mata-mata de empresas de ônibus pode sucatear o transporte, nas mãos de uns poucos grupos empresariais, cada vez mais concentrados num acervo gigantesco de linhas, que, na sobrecarga administrativa, podem decair no serviço, com ônibus que, inicialmente novos, se sucateiem rapidamente em pouco tempo.
SE É PARA DIMINUIR EMPRESAS, AS GONÇALENSES TRARIAM MENOS DOR
O que parece uma galhofa é que o mesmo grupo empresarial mantém a Expresso Tanguá, empresa que já perdeu linhas municipais de São Gonçalo, celebrando 40 anos da empresa, embora em São Gonçalo os ônibus municipais sejam hoje proibidos de mostrar suas respectivas identidades visuais.
Com a fusão dos grupos empresariais da Mauá e Rio Ita, a Expresso Tanguá hoje atua mais como uma "empresa fantasma", genérica da Transportes Icaraí, contando apenas com a diferença do CNPJ. Na prática, as duas empresas atuam como uma, embora não haja comunhão de linhas operadas por ambas.
Se a ideia era enxugar o grupo empresarial, talvez fosse menos doloroso extinguir a Tanguá, a Alcântara Auto Ônibus e a Asa Branca, além de desativar a frota gonçalense da Viação Mauá. Além de significar maior redução do patrimônio do grupo empresarial, ceifando três empresas em vez de uma, seu impacto na memória busóloga seria menor. Teria sido muito melhor uma Transportes Icaraí monopolizando linhas gonçalenses do que a Expresso Rio de Janeiro "inchada" de linhas rodoviárias.
O fim da Rio Minho é uma amostra de como o Rio de Janeiro não entende de logística. Para uma Niterói indiferente à necessidade urgente de criar uma rodovia ligando Rio do Ouro e Várzea das Moças através de um terreno situado entre os entornos da RJ-100 e RJ-108, demole um prédio (Rio Decor, antiga Maveroy) que daria num excelente shopping center, e que acha as inúteis parquiletes (parklets) o supra-sumo do lazer dos jovens moderninhos, extinguir empresa icônica parece natural. Por isso, o Rio de Janeiro se encolhe como Estado-referência para o Brasil.
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