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CASO 917M MOSTRA QUE AUTORIDADES NÃO ANDAM DE ÔNIBUS


Pobre do morador do Jardim Laranjeiras, no entorno da Praça Delegado Amoroso Neto e Rua Reims, que precisa se divertir na maior avenida da cidade de São Paulo, a Avenida Paulista. O retorno para casa se torna um grande suplício, algo que as autoridades do transporte público de São Paulo desconhecem completamente, porque nenhuma delas tem o hábito de utilizar regularmente o sistema de ônibus.

A linha 917M-10 Morro Grande / Metrô Ana Rosa, só serve como opção de ida, pois, na volta, a linha, assim como sua variante 917M-31, ao passar pelo Viaduto do Limão, no entorno da Av. Ordem e Progresso, desce a rampa de acesso para a Av. Otaviano Alves de Lima, na Marginal do Rio Tietê. Quem quiser ir para o Jardim Laranjeiras, tem que saltar e andar a pé.

Conforme dados publicados pelo Moovitapp, aplicativo de transporte público na Internet, a caminhada da descida dessa rampa de acesso para o Jardim Laranjeiras leva 11 minutos. Mas isso é teoria e os piores transtornos não aparecem nos gráficos das autoridades nem nas páginas digitais da Internet.

No momento de edição deste texto, São Paulo vive um temporal. Trovoadas e chuva intensa acontecem. Se o passageiro, na volta pelo ônibus da 917M, ter que descer na rampa de acesso para a Marginal do Tietê, não levará os prometidos onze minutos de caminhada para a Rua Reims. Terá que esperar uma hora, bastante encolhido, pois o ponto é cercado de árvores, condutoras de eletricidade.

Imagine então se os passageiros são idosos, gestantes ou portadores de alguma deficiência física. Se em condições meteorológicas amenas eles já têm problemas e não possuem condições para andar apenas 11 minutos. Suas limitações aumentam o tempo do deslocamento, incômodo para qualquer um.

Não existem outras opções. A baldeação pode garantir a gratuidade do segundo ônibus, mas não o conforto. Em tese, as linhas que permitem o deslocamento, com o desembarque no lado Barra Funda da Avenida Ordem e Progresso para um ponto sob precária proteção de abrigos, são a 2014-10 Jardim Pery Alto / Metrô Barra Funda, 9300-10 Terminal Casa Verde / Terminal Dom Pedro II, 9500-10 Terminal Cachoeirinha / Praça do Correio e 9784-10 Jardim dos Francos / Metrô Barra Funda. 

Dificilmente os passageiros do 917M embarcarão em cada uma dessas linhas com o mesmo conforto, sobretudo as linhas 2014-10, de micro-ônibus, e 9784-10, que rodam quase sempre superlotadas. E os pernoitões N205-11 Terminal Cachoeirinha / Terminal Pinheiros e N206-11 Metrô Santana / Metrô Vila Madalena, não atendem a Avenida Paulista.

É vergonhoso que as autoridades não se sensibilizam com este problema. Principalmente, em relação à Casa Verde, uma região encarada como se fosse um "quintal" do Limão, da Barra Funda e de Santana, uma área sem acesso para o metrô, com terrenos altos, sendo locais como parte do Peruche e a Vila Baruel verdadeiras colinas, o que traz dificuldade para os moradores em curtir a cidade de São Paulo.

Em outras palavras, o morador da região da Casa Verde não tem direito à cidade. A seus moradores, considerando toda a região e as linhas de ônibus regulares para todos os dias, só existe chance para ir para a Barra Funda, Santana e Vale do Anhangabaú, muito pouco para perceber a dinâmica da cidade.

Devemos lembrar que Bilhete Único não é brinquedo nem ingresso de parque de diversões. Nem sempre a baldeação ajuda e, para quem é idoso, gestante, portador de limitações físicas e quem tem que subir as ladeiras cansativas de Baruel e Peruche, sobretudo em altas horas da noite, só ter a gratuidade no segundo ônibus é bastante cansativo e desconfortável. Portanto, não compensa o incômodo.

No caso da 917M, propomos que a linha 917M-10, em vez de descer a rampa de acesso, seguisse pela Avenida Ordem e Progresso em direção à Rua Reims, ir para a Avenida Engenheiro Caetano Álvares no sentido Estadão e, daí, curvar a Marginal do Tietê e entrar na Avenida Professor Celestino Bourrol.

Para não desagradar quem está acostumado com a descida rápida, propomos que a 917M-31 mantenha a descida na rampa de acesso para a Marginal do Tietê, como ocorre atualmente, havendo reforço de frota para atender a demanda já acostumada com este trajeto de volta. 

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