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PINTURA PADRONIZADA FAVORECE CORRUPÇÃO POLÍTICO-EMPRESARIAL

FLORIANÓPOLIS É UMA DAS CIDADES INVESTIGADAS PELO CADE POR CAUSA DE FRAUDES EM LICITAÇÃO.

A pintura padronizada, que coloca empresas de ônibus diferentes sob um mesmo visual, comprovadamente não traz transparência nem garante a facilidade de identificação. O secretário de Transportes de plantão pode tentar desmentir com todo um palavreado técnico, mas a verdade é que a pintura padronizada complica mais do que facilita no sistema de ônibus de cada cidade ou região.

Os cariocas já sentem o drama. Linhas trocando de empresas, empresas trocando de nome e razão social, grupos empresariais poderosos aumentando poder de ação e interferindo no processo eleitoral, fazendo tudo para seus candidatos serem eleitos. Tudo isso revela que a pintura padronizada nos ônibus serve de lona para esse triste circo dos horrores da corrupção político-empresarial.

Uma reportagem do G1 informa que o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) investiga fraudes em licitações nos sistemas de ônibus de 19 cidades. O CADE analisa casos que envolvem os processos que beneficiam as oligarquias Constantino e Gulin.

Casos como Rio de Janeiro, Niterói, São Paulo, São Gonçalo, Nova Iguaçu, Recife, Curitiba e Belo Horizonte também têm suas fraudes e irregularidades, mas elas envolvem outros grupos empresariais que fogem do foco de investigações do CADE.

Quase todas as cidades envolvidas adotam pintura padronizada ou passaram a adotar nos processos de licitação: Brasília (DF), Campo Grande (MS), Florianópolis (SC), Foz do Iguaçu (PR), Guarapuava (PR), Jaú (SP), Joinville (SC), Marília (SP), Maringá (PR), Paranaguá (PR), Piraquara (PR), Pontal do Paraná (PR), Porto Seguro (BA), Telêmaco Borba (PR), São José do Rio Preto (SP), São Sebastião (SP), Sete Lagoas (MG) e Uberlândia (MG).

A pintura padronizada, na medida em que iguala empresas de ônibus com um mesmo visual, com os nomes das empresas colocados em ênfase menor do que o do nome do município ou da região de cidades referente ao serviço de ônibus, confunde os passageiros e, ao esconder empresas, impede que a sociedade possa ver com transparência a natureza do sistema de ônibus.

Portanto, é uma licitação estranha, que esconde as empresas licitadas. A exibição de pequenos logotipos ou dos nomes das empresas nos letreiros digitais não resolve o problema, até porque, na correria do dia a dia, a pintura padronizada nos ônibus sempre confunde os passageiros, e muitas vezes confunde até quem acha que não vai ficar confuso com ela.

Mas, pior do que isso, isso não garante transparência e os passageiros têm mais dificuldade de identificar de imediato uma empresa boa ou ruim, já que ambas são iguais. E esse verdadeiro véu serve para acobertar a corrupção que transforma o serviço de ônibus num grave risco de insegurança e acidentes para os passageiros.

Comentários

  1. Acho interessante o quanto se tenta colocar a culpa numa pintura de ônibus nos problemas de corrupção nos transporte público no Brasil. Os problemas de corrupção existem e deve ser combatidos. Agora o desconhecido do autor do texto sobre o transporte coletivo integrado de outras cidades é triste. Joinville, uma das cidades citadas, existe a padronização desde 1987,ainda não não havia a integração que só ocorreu em 1993. Nesse ano, os ônibus ganharam uma nova identificação pra orientar os passageiros ao embarcar. A padronização foi necessária porque os ônibus das duas empresas rodam a cidade inteira. Curitiba é o maior exemplo disso. Florianópolis foi importante pra diferenciar o municipal do intermunicipal.
    Em outras palavras, uma coisa não tem nada a ver com a outra, as capitais internacionais e grandes cidades possuem transporte coletivo com pintura padrão, Londres e NY estão aí. Qualquer técnico ou engenheiro de mobilidade sabe disso. Se for usar esse mesmo pensamento, táxis não poderiam ser amarelos no Rio de Janeiro e nem alaranjados em Curitiba, pois esconderia a marca da cooperativa de táxi.

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