É
muita coincidência a adoção de pinturas padronizadas quase ao mesmo
tempo da adoção do chamado "Bilhete Único", espécie de promoção nas
passagens de ônibus que oferece um desconto para quem usar mais de um
transporte por um curtíssimo período de tempo.
Políticos
trabalham para empresários e não para a população. Por isso mesmo foi
decidido o limite de tempo, na tentativa de dificultar a obtenção do
desconto. Mas como nem políticos e muito menos empresários não são
bobos, cria-se condições para que fique cada vez mais fácil ultrapassar o
limite da promoção e perder o direito do desconto.
Engarrafamentos,
máquinas leitoras de cartão que não funcionam, erros nas bandeiras de
destino, enfim, tudo é feito pelos próprios envolvidos para sabotar a
aquisição do benefício, favorecendo a ultrapassagem do prazo-limite, tendo que pagar o preço normal das passagens , que já são bem altas.
Mas
uma coisa que ninguém sabe é que a padronização visual, hábito de
pintar os ônibus municipais e estaduais com pinturas definidas pelas
autoridades, dando destaque a logotipos de prefeituras e governos e
escondendo a identidade das empresas operadoras, pode estar incluída
entre as medidas feitas pelas autoridades, com a conivência de
empresários, para sabotar o Bilhete Único nos sistemas onde a pintura das frotas possui uma farda.
Para
se ter uma ideia, ficou mais demorada a identificação do ônibus que se
deseja pegar. Um exemplo real que eu tive a oportunidade de observar é o
da linha 278, que liga Marechal Hermes ao Castelo (embora ele pare na
orla, próximo aonde havia o edifício Monroe).
Ele
é servido pela empresa que era conhecida como Vila Real. Era a única
linha da Vila Real que passava na Rua Primeiro de Março, próxima a Praça
15 de Novembro. Era fácil pegar a linha, pois automaticamente, se havia
Vila Real, tinha a certeza de que era a 378. Nem precisava ler a
bandeira de destino, era só entrar no veículo.
Hoje,
ele tem a mesma pintura do consórcio Internorte de muitas linhas que
passam no local. A atenção agora ficou redobrada. Como os ônibus tem o
hábito de ficar embaralhados no ponto da citada rua, fica bem difícil
identificar os ônibus. Se o ônibus da 378 para distante, escondido entre
outros ônibus, fica difícil de ler a bandeira e perdê-lo, ou pegar o
ônibus errado. E olha que tem linhas do Internorte que vão para
destinos bem longínquos em relação a 378. Para eu, querendo ir a
Marechal Hermes, parar no extremo da Ilha do Governador, ficou muito
fácil.
Esta
demora para identificar o ônibus também representa a perda do tempo que
poderá cancelar o uso do benefício do Bilhete Único, caso perca o ônibus ou pegue errado.
As
autoridades que não se utilizam do transporte, mas lucram muito com o
mesmo, oferecendo transporte cuja qualidade cai muito a cada dia, arrumaram um jeitinho a mais para sabotar o ultrasabotado
Bilhete Único, cuja estipulação de um prazo limite para o direito ao
desconto (entendo que não deveria haver limite em nenhuma hipótese) em si já é uma baita sabotagem.
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