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EDUARDO PAES VOLTARÁ A ESCONDER EMPRESAS DE ÔNIBUS DA POPULAÇÃO


O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que só governa para os ricos e adota posturas autoritárias, anunciou a retomada do "baile de máscaras" da padronização visual do sistema de ônibus. Com uma fachada de "interatividade" e com argumentações tecnocráticas, o prefeito carioca anunciou uma "consulta pública" para a nova licitação do sistema de ônibus municipal da capital fluminense.

A medida foi anunciada em entrevista ontem, e consta-se que a nova padronização estará cheia de cores e esconderá os nomes das empresas de ônibus. A princípio, haverá renovação de frota e uso dos ônibus de piso baixo, mas a expectativa é que, passado esse período de ônibus "confortáveis" para a população, o sistema tenda a ter uma piora considerável, numa cidade como o Rio de Janeiro, que vive uma trágica decadência social que está fazendo muitos moradores deixarem a cidade.

Uma das medidas adotadas é a redução de 20% das frotas dos ônibus, o que aumentará, e muito, o tráfego de automóveis que já é bastante exagerado nas ruas do Rio de Janeiro. Em breve, também, haverá a redução de trajetos das linhas, podendo diminuir a ligação Zona Norte-Zona Sul, forçando a baldeação que prejudica principalmente gestantes, idosos e portadores de deficiência física.

A "consulta pública" seria apenas uma interatividade de fachada, para afastar a imagem de autoritário que Eduardo Paes possui entre setores da opinião pública. Seria uma forma de "liberar" a opinião dos cidadãos, que no entanto poderão ser recusadas pelos tecnocratas do transporte coletivo carioca, garantindo as decisões pessoais das autoridades envolvidas.

MODELO DE TRANSPORTE FERE CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Com medidas como a pintura padronizada e a redução de ônibus em circulação, o "novo" projeto de Eduardo Paes pode, a exemplo do que ocorreu em São Paulo com os casos Transwolff e UPBus, deixar uma brecha para o crime organizado se infiltrar, através de "laranjas", no sistema de ônibus carioca. 

O avanço das milícias em setores como o fornecimento de gás, serviços de TV por assinatura e Internet e até imobiliária, além do tráfico de influência na política e no empresariado carioca, apontam para esse forte risco, a ser, a princípio, declarado "impossível" pelas "prevenidas" autoridades locais.

Por outro lado, Eduardo Paes volta a rasgar importantes artigos do Código de Defesa do Consumidor, ao impor novamente a pintura padronizada, que irá confundir os passageiros cheios de seus afazeres no corre-corre cotidiano - como pagar contas, estudar para provas e outros compromissos importantes - , e também a redução de frotas e o encurtamento de trajetos para forçar a baldeação.

Diz o Código de Defesa do Consumidor, na Seção IV - Das Práticas Abusivas:

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)

IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços;

"PADRONIZETES" FORAM PIONEIROS NO BOLSONARISMO

Nas redes sociais, o fenômeno dos "padronizetes", grupo de busólogos que, visando obter cargos políticos através das antigas gestões de Alexandre Sansão e Carlos Roberto Osório na Secretaria Municipal de Transportes da Prefeitura do Rio de Janeiro, trouxe uma lembrança infeliz para o hobby de admirar ônibus.

Extremamente truculentos, os busólogos que obtiveram visibilidade e status passaram a promover uma luta "fratricida", agredindo e trocando acusações, além de criar um blogue de ofensas e difamações que reproduzia, de maneira depreciativa, material particular produzido pelas vítimas. A ideia é, aos poucos, liquidar com busólogos emergentes para reduzir a busologia do Rio de Janeiro a um pequeno grupo com trânsito garantido entre empresários e políticos do setor.

O que chamava a atenção era que, bem antes de Jair Bolsonaro se candidatar à Presidência da República, esses busólogos manifestaram apoio entusiasmado ao hoje ex-presidente, atualmente alvo de um inquérito no Judiciário por planejar um golpe político em 2022, junto a vários militares.

Exaltando clichês patrióticos, religiosos e moralistas típicos do imaginário bolsonarista, os "padronizetes" deixaram a máscara cair, quando seu jeito aparentemente simpático, que chegou a ser apresentado por uma matéria sobre busologia num programa de TV apresentado por uma atriz da Rede Globo, deu lugar à truculência e profunda falta de respeito marcada também pela intolerância e pelo comportamento abusivo. 

Havia até mesmo "visitas" de busólogos agressores à cidade onde morava a vítima, sob o pretexto de fotografar os ônibus que passam pelo local, mas com o objetivo de intimidar e fazer ameaças, mesmo quando o busólogo forasteiro se exponha demais e, em contrapartida, seja observado pelos milicianos que controlam o transporte de vans na cidade visitada e fazem ponto no local próximo da área das fotos.

A arrogância dos "padronizetes" era tanta que combinava vitimismo com chantagem. Ao mesmo tempo que agrediam quem discordava de seus princípios, esses busólogos não queriam ser denunciados, pois queriam também passar uma imagem "positiva" em eventos de transportes nos quais eles visitavam e produziam matérias para seus sites e canais na Internet. Quando denunciados, queriam saber a autoria de cada denúncia para agredir o respectivo autor.

PASSAGEIROS SERÃO PREJUDICADOS

A "nova" fase do sistema de ônibus carioca trará prejuízos sérios para a população, consquentes da padronização visual e redução de frotas. Haverá maior espera de ônibus e atenção redobrada para não embarcar no ônibus errado, numa cidade onde é recomendável não bobear, porque, dependendo do caso, se a pessoa pegar a linha errada, pode, ao desembarcar, ser rendida e morta por um miliciano ou traficante que "fizer ponto" em algum bairro suburbano.

No corre-corre diário, a população ficará sobrecarregada. Especialistas afirmam que, com a pintura padronizada colocando diferentes empresas de ônibus sob o mesmo visual, os passageiros terão segundos a mais para tentar identificar o ônibus desejado, o que é uma grande diferença, se observarmos a rotina de pegar um transporte.

Pessoas que já estão sobrecarregadas com contas e dívidas, que farão consultas médicas, provas para concursos, depósitos de dinheiros para reforçar a renda e guardar sua grana e outros compromissos diários terão que dividir atenções com o cuidado de pegar um ônibus, entre tantos outros que apresentarão a mesma cor. As frotas na Avenida Presidente Vargas, por exemplo, revelam essa confusão.

Portanto, esse "baile de máscaras" de Eduardo Paes mais uma vez irá promover uma farra em cima das fraquezas dos cariocas. Paes, um político de direita de tradição neoliberal, governa para os ricos e a gente percebe o quanto o Rio de Janeiro tornou-se um pesadelo para a população pobre e para aqueles que, mesmo tendo emprego e renda, não fazem parte do círculo dos bacanas abastados.

Para quem usa automóvel, isso não faz diferença. Os ônibus padronizados não são utilizados pelo carioca "bacana" que é o foco principal da gestão Eduardo Paes, que pelo jeito merece ser classificado mais como o "Prefeito da Barra da Tijuca, Recreio e Baixo Gávea" do que de todo o Rio de Janeiro. Mas talvez fosse muito arriscado falar de "Rio de todos" porque isso traz um trocadilho muito incômodo.

A pintura padronizada e a redução de ônibus nas ruas são apenas alguns dos aspectos da decadência do Rio de Janeiro, que paga o preço caro do seu pragmatismo das últimas três décadas.

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