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LAVA JATO QUER INVESTIGAR ESQUEMA POLÍTICO DOS ÔNIBUS DO RJ


Filho do presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ), Jorge Picciani, e irmão dos políticos Leonardo e Rafael Picciani - este ex-secretário de Transportes do governo Eduardo Paes - , o empresário Felipe Picciani foi preso ontem pela Operação Lava Jato, em sua força-tarefa realizada no Estado do Rio de Janeiro.

Embora a Operação Lava Jato seja alvo de controvérsias diversas, pela forma um tanto precipitada e por vezes agressiva que atua nas investigações e inquéritos, a força-tarefa, aqui, coincide com uma perspectiva de que, finalmente, o esquema de corrupção que envolvem políticos e empresários de ônibus do Rio de Janeiro seja investigado pela Polícia Federal.

Picciani foi detido no Aeroporto Santos Dumont, na manhã do dia 14, e encaminhado para a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Na cadeia estão vários presos da divisão fluminense da Operação Lava Jato.

Amanhã, o Tribunal Regional Federal da 2ª região (TRF-2) analisa os pedidos de prisão dos deputados estaduais Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi, todos do PMDB fluminense. O Ministério Público Federal, que pediu as prisões, avalia que os três teriam agido para proteger os interesses dos empresários de ônibus mais poderosos no Grande Rio. Entre eles estaria a sabotagem que fez arquivar CPIs que investigariam a corrupção nas empresas de ônibus.

Um dos empresários, Jacob Barata Filho, que chegou a ser preso, e mais outros envolvidos, inclusive membros de sindicatos patronais de empresas de ônibus, são alvos de investigação pela Polícia Federal no Estado do Rio de Janeiro e em outros Estados, como Paraná e Santa Catarina.

O que chama a atenção é que, nos últimos dois anos, envolvidos na implantação do "novo" sistema de ônibus municipal do Rio de Janeiro - que se tornou um modismo que se espalhou não só em cidades como Niterói, São Gonçalo, Nova Iguaçu e Campos, mas também em Florianópolis e Teresina - estão sendo presos ou investigados.

Um dos envolvidos, o ex-governador fluminense Sérgio Cabral Filho, completou um ano na cadeia, há poucos dias. Em outras investigações, o ex-prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e seu candidato à sucessão no cargo, o derrotado Pedro Paulo Carvalho, foram denunciados pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, por suposto crime eleitoral, por terem feito carreata no dia das votações em primeiro turno.

O modelo de sistema de ônibus implantado em 2010 era, na verdade, uma medida para turista ver que valeria como propaganda da prefeitura do Rio de Janeiro durante a Copa do Mundo FIFA 2014 e as Olimpíadas Rio 2016. O ex-presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, havia sido preso acusado de suposto envolvimento em compra de votos para a Rio 2016. Atualmente ele cumpre prisão domiciliar.

DESPADRONIZAÇÃO

A promessa do atual secretário de Transportes e vice-prefeito Fernando MacDowell de cancelar a pintura padronizada nos ônibus está parada por causa de tais incidentes. Ele já reestrutura, aos poucos, o sistema de ônibus municipal, mas, diante dos escândalos envolvendo as empresas de ônibus, o cancelamento da pintura padronizada, que depende da questão dos consórcios, ficou parada.

Não há um comunicado oficial sobre o assunto, mas infere-se que a Prefeitura do Rio de Janeiro (cujo titular é o engenheiro Marcelo Crivella) está esperando resolver o caso das empresas de ônibus diante da investigação da Lava Jato para seguir adiante a reestruturação. Além disso, incidentes como o encerramento das atividades da Viação Verdun, com 55 anos de existência, complicam a situação.

A pintura padronizada foi uma forma usada pela Prefeitura do Rio de Janeiro, na gestão de Eduardo Paes, para fazer propaganda política subliminar, chegando a haver uma piada na qual haveria uma nova empresa chamada "Viação Cidade do Rio de Janeiro". Mas a medida, que fez diferentes empresas de ônibus adotarem um mesmo estilo de pintura, complicou a vida dos passageiros e favoreceu a corrupção no sistema de ônibus, resultando nos fatos hoje denunciados.

A família Picciani, uma das mais ricas do Estado do Rio de Janeiro, dona de propriedades rurais e hoje denunciada por envolvimento em supostos esquemas de corrupção com empresários de ônibus, esteve por trás de medidas antipopulares no serviço municipal de ônibus. A pintura padronizada foi decidida arbitrariamente por uma "votação" feita à revelia do público na ALERJ.

Já o filho Rafael Picciani executou em 2015 o plano de seu antecessor na Secretaria Municipal de Transportes (SMTR), Alexandre Sansão, de eliminar a ligação Zona Norte-Zona Sul, forçando a baldeação dos passageiros de ônibus. Também foi prevista a retirada de ônibus em circulação.

A medida da "racionalização das linhas de ônibus" - como foi conhecido o plano de criar linhas "alimentadoras" que substituíssem as antigas ligações Zona Norte-Zona Sul e outros trajetos mais longos - foi em parte cancelada pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro por ter sido feita sem estudos técnicos sobre o impacto a causar na população.

Denúncias alegam que isso foi uma armação para aumentar ainda mais a fortuna dos empresários mais poderosos, reduzindo o investimento nos ônibus e precarizando o sistema, sucateando frotas e demitindo rodoviários através da instituição da dupla função motorista-cobrador.

(COM INFORMAÇÕES DO G1 E UOL)

Comentários

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Tem que acabar essa padronização idiota do RJ, como tbem a desinversão de fluxo, entrar atrás e sair na frente. É um perigo com ônibus lotado com pessoas próximo ao para-brisa em um acidente, não existe isso. Abraço

    Márcio

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