Enquanto se anuncia a alteração de pontos de ônibus em Ipanema, para as obras do metrô na Zona Sul do Rio de Janeiro, e O Globo lança uma reportagem baseada em foto com a atriz Lucélia Santos pegando um ônibus, eis que irregularidades acontecem na Cidade Maravilhosa e até mesmo no outro lado da Baía da Guanabara.
No último fim de semana, foi observado o péssimo estado de conservação do carro C41384, da Real Auto Ônibus (frota do consórcio Transcarioca), na linha 315 Central / Recreio, via Linha Amarela. Com cinco anos de fabricação, o carro parece mais antigo, e sacolejava como nos antigos carros da recém-desativada Turismo Trans1000.
Mas o que se nota, também, é que o painel interno do referido veículo não apresentava qualquer tipo de identificação do número do carro. É comum também não haver identificação de carro nos tetos dos ônibus, assim como se deixa de identificar o número e o destino de linhas nos letreiros lateral e traseiro, seja de lona ou digital.
Um carro da Transportes Futuro chegou a circular, na última sexta-feira, entre o Itanhangá e a Barra da Tijuca, bastante lotado, sem apresentar qualquer identificação do número e do destino da linha, mesmo no letreiro digital dianteiro, num horário de grande movimento e demanda e num logradouro da importância da Av. das Américas.
Em Copacabana, como mostra a foto no alto deste texto, mostra um veículo da Transportes São Silvestre enguiçado, na altura da Rua Raul Pompeia, em Copacabana, já se preparando para ser rebocado pelo guincho da Intersul, o que mostra o quanto até guinchos e cabines também foram castigados pela padronização visual do prefeito Eduardo Paes.
A Transportes São Silvestre, antes empresa exemplar, também apresenta ônibus sucateados e com alguns amassos, algo que se tornou regra entre os ônibus cariocas. Nota-se que, mesmo num bairro como Copacabana, passam dezenas de ônibus que, juntos parecem um comboio de caminhões de entulho de tanto chacoalharem enquanto rodam, em alta velocidade.
No outro lado da Baía da Guanabara, houve um acidente com um ônibus da Santo Antônio Transportes, carro 2.2.061, considerado semi-novo - fabricado em 2011 - , que servia um dos ramais da linha 39 Piratininga / Centro e se dirigia, sem passageiros, ao Centro de Niterói.
O poste foi atingido e houve rumores de que a energia elétrica tivesse que ser cortada em todo o entorno do Jardim Icaraí para o conserto do poste, mas o corte foi apenas parcial. Apesar do sério acidente, não houve feridos.
E nada como lembrar um episódio com uma atriz para completar a tragicomédia. Pois recentemente a veterana atriz e produtora Lucélia Santos causou polêmica ao afirmar que é passageira de ônibus. A atitude, em si, é bastante correta, mas a julgar pelo estado do transporte coletivo no Grande Rio, ela já significa assumir riscos e transtornos.
Nota-se que a reportagem de capa da Revista O Globo de ontem não mencionou em um momento sequer os nomes das empresas. Os coitados dos entrevistados já tinham a trabalheira de mencionar os números das linhas, e um deles reclamou da mudança do código de um ramal da linha 233 (Rodoviária / Barra da Tijuca) para 302.
A pintura padronizada não foi questionada, aparentemente, mas pelo tom da reportagem podemos inferir que a medida nem de longe está sendo apoiada pela população. Pelo contrário, ela traz desvantagens, incômodos, transtornos, confusão. A população apenas "aceita", um hábito "herdado" das imposições da ditadura militar.
A própria Lucélia havia pego ônibus da Tijuca e da Barra da Tijuca, mas na foto ela posa provavelmente diante de um ônibus da Real Auto Ônibus, que geralmente liga a Zona Sul e a Barra da Tijuca a bairros do Centro, de São Cristóvão / Maracanã e do Parque União / Maré.
Tudo virou confusão, transtornos, irregularidades. E os passageiros ainda vão ter que se deslocar para outros pontos, porque Ipanema virou um canteiro de obras. Esse é o modelo de mobilidade urbana e transporte coletivo feito por pessoas que não usam ônibus, não sabem o que é interesse público e mais parecem governar para riquinhos de Barcelona prestes a visitar o Rio de Janeiro.
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