OS ÔNIBUS PADRONIZADOS AÍ AO LADO E NINGUÉM PROTESTA.
A medida é bem intencionada, mas é insuficiente e sazonal. O Movimento Passe Livre lembra aquelas linhas de horário de ônibus, que só aparecem em determinados momentos. Tudo porque o grupo tem apenas como pauta protestar contra o aumento das passagens do transporte público, e pouco vai além disso.
Em 2013 até tentou avançar, mas se esqueceu de um dos mais graves problemas que afetam os passageiros de ônibus em várias cidades do país: a pintura padronizada dos ônibus, medida originária da ditadura militar e que camufla diferentes empresas de ônibus em uma mesma pintura imposta por autoridades políticas, uma medida que deveria ser considerada obsoleta e ser imediatamente cancelada.
Isso porque os ônibus padronizados comprovadamente causam mais transtornos do que vantagens, se é que oferecem alguma. Servem tão somente pelo pálido consolo das autoridades municipais ou estaduais não poderem contar com uma empresa estatal própria (como a antiga CMTC em São Paulo e a CTC no Rio de Janeiro).
Aí criam um verdadeiro Frankestein em forma de ônibus no qual não se pode definir se é uma parceria público-privada, se é uma encampação do sistema de ônibus ou se é apenas uma pinturinha que se põe no sistema de ônibus que fica igual ao que era antes.
Diante dessa série de confusões, como se não bastassem os atropelos legais que a medida justifica - ela atropela sobretudo a Lei de Licitações e o Código de Defesa do Consumidor - , não há como aceitar o juridiquês de autoridades e tecnocratas que dão explicações estapafúrdias para defender a pintura padronizada nos ônibus.
Hoje já se começa a pensar em recuperar a identidade visual de cada empresa de ônibus, e isso não é uma frescura estética, mas uma forma de mostrar a "cara" de cada empresa de ônibus, já que a pintura padronizada, ao esconder as empresas de ônibus da população, permite uma série de corrupções de ordem político-empresarial que só prejudicam o transporte coletivo.
Está certo que, se voltar a diversidade de pinturas, com cada empresa exibindo a sua identidade visual respectiva, isso não melhorará o sistema de ônibus como um todo, mas irá facilitar aos passageiros a identificação imediata da empresa que prestar um péssimo serviço. Com a pintura padronizada, essa tarefa acaba se limitando a "especialistas".
O Rio de Janeiro representou a amostra do quanto a pintura padronizada é ruim. Escondendo as empresas de ônibus, elas se sentiram desestimuladas de qualquer compromisso com a população e passaram a sucatear mais as frotas, aumentando os acidentes, vários com mortes, e causando uma série de irregularidades. Houve ônibus "muito bem padronizadinho", mas que circulava com documentação vencida ou com uma longa lista de multas por infrações no trânsito.
Houve empresas mudando de nome e a população nem saber. Empresas circulando em linhas de outras, complicando a reclamação de passageiros lesados, que reclamavam para uma empresa e o representante botava a culpa em outra.
No centro carioca, a Av. Pres. Vargas mostrava o cotidiano em que cidadãos tresloucados se esforçavam para identificar o ônibus porque todos tinham a mesma pintura, correndo para ver o letreiro digital para, ao menos, saber o destino, e não raro perdendo o ônibus por causa de tanta correria, isso quando não pega um ônibus errado e tem o azar de saltar num ponto em que um traficante sedento de sangue faz "plantão".
A pintura padronizada simboliza esse quadro trágico até mesmo em cidades como Curitiba e São Paulo, que tem a medida "consolidada" e "estabilizada". O problema é que a população apenas aceita a pintura padronizada nestas cidades, mas isso não significa que a medida é bem sucedida nestas cidades, muito pelo contrário: elas revelam a decadência de um modelo de transporte coletivo que só tinha sentido na época da ditadura militar.
Brasília com os ônibus piratas "coexistindo" com os legalizados. A Grande Belo Horizonte com seus ônibus com "trocentas" pinturas, gastando plotagem e burocracia para transferir carros de umas linhas para outras. Recife mal disfarçando o arrependimento pela "padronização" de suas frotas. Florianópolis mostrando irregularidades diversas sob a pintura padronizada que nem nome de empresa informa. Porto Alegre, São Luís e Juiz de Fora mudando a embalagem para esconder o conteúdo apodrecido da medida.
Tudo isso tem que ser pensado pelo Movimento Passe Livre que deveria desenvolver uma campanha para as empresas "mostrarem sua cara" (a respectiva identidade visual). Sem a luta contra a pintura padronizada, o Movimento Passe Livre foi ultrapassado pelo seu clone, o Movimento Brasil Livre, e perdeu o destaque ao lutar apenas contra aumentos de tarifas.
Aliás, de que adianta não haver centavos a mais, se com a pintura padronizada há o risco das pessoas pegarem dois ônibus, gastando bem mais reais mesmo quando a tarifa é congelada? As autoridades até "aceitam" congelar as tarifas, porque fazem outros cortes de arrecadação, e sabem que ônibus padronizado confunde a população que, não raro, acaba pegando até três ônibus por causa de confusão.
Afinal, o que o Movimento Passe Livre ignora é que os brasileiros têm muitos afazeres e, por isso, têm dificuldade de discernir um ônibus padronizado de outro. Se houvesse diversidade visual, haveria maior facilidade de identificar o ônibus certo, e saber qual empresa presta bom ou mau serviço. Lutar contra a pintura padronizada, além disso, iria ser uma grande oportunidade do MPL se destacar mais na sociedade, atuando contra uma medida comprovadamente nefasta à população.
A medida é bem intencionada, mas é insuficiente e sazonal. O Movimento Passe Livre lembra aquelas linhas de horário de ônibus, que só aparecem em determinados momentos. Tudo porque o grupo tem apenas como pauta protestar contra o aumento das passagens do transporte público, e pouco vai além disso.
Em 2013 até tentou avançar, mas se esqueceu de um dos mais graves problemas que afetam os passageiros de ônibus em várias cidades do país: a pintura padronizada dos ônibus, medida originária da ditadura militar e que camufla diferentes empresas de ônibus em uma mesma pintura imposta por autoridades políticas, uma medida que deveria ser considerada obsoleta e ser imediatamente cancelada.
Isso porque os ônibus padronizados comprovadamente causam mais transtornos do que vantagens, se é que oferecem alguma. Servem tão somente pelo pálido consolo das autoridades municipais ou estaduais não poderem contar com uma empresa estatal própria (como a antiga CMTC em São Paulo e a CTC no Rio de Janeiro).
Aí criam um verdadeiro Frankestein em forma de ônibus no qual não se pode definir se é uma parceria público-privada, se é uma encampação do sistema de ônibus ou se é apenas uma pinturinha que se põe no sistema de ônibus que fica igual ao que era antes.
Diante dessa série de confusões, como se não bastassem os atropelos legais que a medida justifica - ela atropela sobretudo a Lei de Licitações e o Código de Defesa do Consumidor - , não há como aceitar o juridiquês de autoridades e tecnocratas que dão explicações estapafúrdias para defender a pintura padronizada nos ônibus.
Hoje já se começa a pensar em recuperar a identidade visual de cada empresa de ônibus, e isso não é uma frescura estética, mas uma forma de mostrar a "cara" de cada empresa de ônibus, já que a pintura padronizada, ao esconder as empresas de ônibus da população, permite uma série de corrupções de ordem político-empresarial que só prejudicam o transporte coletivo.
Está certo que, se voltar a diversidade de pinturas, com cada empresa exibindo a sua identidade visual respectiva, isso não melhorará o sistema de ônibus como um todo, mas irá facilitar aos passageiros a identificação imediata da empresa que prestar um péssimo serviço. Com a pintura padronizada, essa tarefa acaba se limitando a "especialistas".
O Rio de Janeiro representou a amostra do quanto a pintura padronizada é ruim. Escondendo as empresas de ônibus, elas se sentiram desestimuladas de qualquer compromisso com a população e passaram a sucatear mais as frotas, aumentando os acidentes, vários com mortes, e causando uma série de irregularidades. Houve ônibus "muito bem padronizadinho", mas que circulava com documentação vencida ou com uma longa lista de multas por infrações no trânsito.
Houve empresas mudando de nome e a população nem saber. Empresas circulando em linhas de outras, complicando a reclamação de passageiros lesados, que reclamavam para uma empresa e o representante botava a culpa em outra.
No centro carioca, a Av. Pres. Vargas mostrava o cotidiano em que cidadãos tresloucados se esforçavam para identificar o ônibus porque todos tinham a mesma pintura, correndo para ver o letreiro digital para, ao menos, saber o destino, e não raro perdendo o ônibus por causa de tanta correria, isso quando não pega um ônibus errado e tem o azar de saltar num ponto em que um traficante sedento de sangue faz "plantão".
A pintura padronizada simboliza esse quadro trágico até mesmo em cidades como Curitiba e São Paulo, que tem a medida "consolidada" e "estabilizada". O problema é que a população apenas aceita a pintura padronizada nestas cidades, mas isso não significa que a medida é bem sucedida nestas cidades, muito pelo contrário: elas revelam a decadência de um modelo de transporte coletivo que só tinha sentido na época da ditadura militar.
Brasília com os ônibus piratas "coexistindo" com os legalizados. A Grande Belo Horizonte com seus ônibus com "trocentas" pinturas, gastando plotagem e burocracia para transferir carros de umas linhas para outras. Recife mal disfarçando o arrependimento pela "padronização" de suas frotas. Florianópolis mostrando irregularidades diversas sob a pintura padronizada que nem nome de empresa informa. Porto Alegre, São Luís e Juiz de Fora mudando a embalagem para esconder o conteúdo apodrecido da medida.
Tudo isso tem que ser pensado pelo Movimento Passe Livre que deveria desenvolver uma campanha para as empresas "mostrarem sua cara" (a respectiva identidade visual). Sem a luta contra a pintura padronizada, o Movimento Passe Livre foi ultrapassado pelo seu clone, o Movimento Brasil Livre, e perdeu o destaque ao lutar apenas contra aumentos de tarifas.
Aliás, de que adianta não haver centavos a mais, se com a pintura padronizada há o risco das pessoas pegarem dois ônibus, gastando bem mais reais mesmo quando a tarifa é congelada? As autoridades até "aceitam" congelar as tarifas, porque fazem outros cortes de arrecadação, e sabem que ônibus padronizado confunde a população que, não raro, acaba pegando até três ônibus por causa de confusão.
Afinal, o que o Movimento Passe Livre ignora é que os brasileiros têm muitos afazeres e, por isso, têm dificuldade de discernir um ônibus padronizado de outro. Se houvesse diversidade visual, haveria maior facilidade de identificar o ônibus certo, e saber qual empresa presta bom ou mau serviço. Lutar contra a pintura padronizada, além disso, iria ser uma grande oportunidade do MPL se destacar mais na sociedade, atuando contra uma medida comprovadamente nefasta à população.
Ano novo, mas as mesmas bobagens escritas. Há coisas mais importantes a reclamar do que pôr a pintura da empresa num ônibus. Os sistemas de transporte coletivo urbano pertencem ao poder público e não há empresas privadas, difícil de entender isso.
ResponderExcluirAgora, o autor deste texto deveria pesquisar melhor sobre as cidades citadas, senão perde ainda mais a credibilidade.
Sobre Florianópolis, não há nome porque é o único consórcio operador, não há necessidade disso, tanto que foi o próprio a montar o padrão de pintura nos ônibus ( que surpresa, não?). Curitiba e Recife possuem a integração tronco-alimentador, os usuários reconhecem a linha pela cor do ônibus e não pela empresa. São cidades usadas como modelo.
Agora para finalizar, o autor deveria apresentar pesquisas e fontes das informações apresentadas, é o mínimo.