Em entrevista feita ontem ao jornal O Dia, o vice-prefeito do Rio de Janeiro e secretário de Transportes, engenheiro Fernando MacDowell, afirmou que pretende reativar os 51 trajetos extintos ou reduzidos pela "racionalização" do sistema de ônibus carioca feita entre 2015 e 2016.
"Aquilo foi a maior estupidez que eu já vi, porque eu sou da época que o Rio se orgulhava de ter a maior frota e o maior sistema de transporte coletivo. Você saía aqui e queria ir lá para não sei aonde, você ia. Agora, tem linha com menos 300 ônibus. Aí pergunto. Viu em alguma delas a tarifa baixar? Não. Por mim, faria algo (nas linhas) com tendência a voltar a ser o que era", disse o secretário.
A "racionalização" foi adotada pelo então secretário de Transportes da gestão de Eduardo Paes, Rafael Picciani, mas planejada por seu antecessor Alexandre Sansão, para estimular (e supervalorizar) o uso do Bilhete Único, forçando as baldeações.
A ideia de Picciani era reduzir o número de ônibus em circulação, alegando que isso iria "fluir melhor o trânsito carioca". Uma visão equivocada, já que, como já lembramos, menos ônibus nas ruas são mais automóveis. E o Rio de Janeiro tem um dos piores tráfegos de veículos do mundo.
A reativação das linhas, a ser realizada no plano de reestruturação do sistema de ônibus da atual SMTR (Secretaria Municipal de Transportes do Rio de Janeiro), é uma boa notícia, sobretudo para quem tinha que se virar com baldeações sucessivas, pegando dois ou mesmo três ônibus, num processo cansativo para chegar ao trabalho ou à instituição de ensino, tendo que viajar em pé no segundo ônibus.
Na "racionalização" - que, talvez por cinismo pela gestão Paes, era também chamada de "otimização" - , linhas tradicionais como 676 Méier / Penha e 952 Penha / Praça Seca, além de linhas funcionais como 465 Cascadura / Gávea (antiga 755) e 910 Bananal / Madureira, haviam sido substituídas por linhas "mutiladas" que apenas cumpriam trajetos parciais aos originais, forçando a baldeação no terminal de Madureira da estação BRT.
A medida chegou a se estender para a Zona Sul, e linhas como 413 Muda / Jardim de Alah, 438 Vila Isabel / Leblon (Via Jóquei), 475 Méier / Jardim de Alah e 484 Olaria / Copacabana chegaram a ser substituídas por trajetos que paravam na Candelária, substituindo o prefixo numérico 4 pelo 2 (413 para 213, 484 para 284, por exemplo), com exceção da 438, que virou 218.
Havia um plano em que até linhas como 455 Méier / Copacabana e 474 Jacaré / Jardim de Alah (esta, ultimamente, tendo virado notícia por causa dos apedrejamentos) seriam também reduzidas à Candelária, mas uma pressão muito grande da opinião pública, com reflexo no exterior - a "racionalização" era, sobretudo, denunciada como forma de evitar o acesso do povo suburbano à Zona Sul - , junto com uma ação do Ministério Público fluminense, fez a Prefeitura recuar.
Sobre o fim da ligação direta Zona Norte-Zona Sul (ou Sudoeste), o prefeito Eduardo Paes chegou a criar um "piscinão", em claro apelo demagógico, chamado "Praia da Rocha Miranda", cuja publicidade era exagerada, como se a pequena área substituísse o litoral imortalizado pela música de Tim Maia, do Leme ao Pontal, frequentado pelo povo da Zona Norte. Mas a Praia de Rocha Miranda não cobre sequer a demanda equivalente a um quarteirão da Praia de Copacabana.
O secretário ainda não falou da maior expectativa na reestruturação do sistema de ônibus, que é o fim da pintura padronizada. Espera-se que seja um procedimento inverso ao adotado por Eduardo Paes, que impôs a medida na surdina, quando nunca parecia adotá-la. Entende-se que existem formas de exibir o nome de cada consórcio sem precisar apelar para a pintura padronizada e preservando a respectiva identidade visual de cada empresa.
Hoje foi anunciado no jornal extra, pelo atual secretário, o fim da padronização visual dos ônibus. Que isso aconteça o mais breve possível! !
ResponderExcluirNada mudou , tudo na mesma .
ExcluirAcho que isso só foi um papo e não será posto em prática.
Já vai fazer 1 ano após o secretário ter dito que as pinturas das empresas de ônibus iria mudar e nada mudou.
ResponderExcluir