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EMPOSSADO, PREFEITO CRIVELLA SUSPENDE "RACIONALIZAÇÃO" DE LINHAS DE ÔNIBUS

CORREDORES DE BRT DE MADUREIRA FIZERAM ANTIGA GESTÃO EXTINGUIR ATÉ LINHAS TRADICIONAIS DE ÔNIBUS.

Depois de inaugurar sua gestão com a cerimônia de posse, o novo prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, decidiu lançar sua primeira medida para os transportes, aproveitando que o vice-prefeito, o engenheiro Fernando McDowell, acumula também a função de secretário de Transportes.

Ele suspendeu o processo de racionalização de linhas de ônibus que estava em curso desde 2015 e que já era um plano da COPPE/UFRJ e do antigo prefeito carioca Luiz Paulo Conde, já falecido, desde o final dos anos 90.

A ideia era imitar o padrão de Curitiba - hoje considerado decadente e com eficiência duvidosa - e eliminar as linhas de ligação direta Zona Sul-Zona Norte, substituindo o sistema "integrado" dos serviços Zonas-Centro, supervalorizando o uso do cartão eletrônico, o Bilhete Único. Alguns trajetos de ligação de outras zonas ou mesmo dentro da Zona Norte também foram incluídos no plano.

Linhas tradicionais como 676 Méier / Penha, 465 Cascadura / Gávea (antiga 755) e 952 Penha / Praça Seca foram extintas e substituídas por linhas com itinerário "esquartejado". Medida semelhante já estava em curso nas linhas Norte-Sul, quando linhas como 455 Méier / Copacabana e 474 Jacaré / Jardim de Alah seriam extintas, substituídas por linhas até a Candelária.

O Ministério Público do Rio de Janeiro chegou a intervir para que a degola não fosse total. Apenas algumas linhas tiveram trajeto reduzido, virando 213 Muda / Candelária, 218 Vila Isabel / Candelária, 275 Méier / Candelária e 284 Olaria / Candelária (não confundir com a outra 284, Praça Seca / Tiradentes, que hoje tem código 371). Outras linhas, como 464, do Maracanã, tiveram percurso reduzido do Leblon para a Estação Siqueira Campos, em Copacabana, próximo ao Leme.

A suspensão da medida foi decidida após constatar que a "racionalização", proposta pelo ex-secretário de Transportes, Alexandre Sansão, e executada pelo posterior titular, Rafael Picciani, foi alvo de muitas reclamações. Houve casos de uma passageira que, com o novo esquema, foi assaltada durante a espera de um "alimentador" do sistema BRT. Passageiros estavam deixando as linhas de ônibus novas para usar mais o trem e o metrô.

Com a suspensão, o novo secretário Fernando McDowell está comprometido a apresentar um novo plano de reestruturação do sistema de ônibus no prazo de 60 dias. O prazo é contado a partir de hoje, data de sua publicação.

Há uma esperança de que a pintura padronizada seja cancelada e seja adotada uma outra forma de identificação dos consórcios que não prejudique a identidade visual de cada empresa de ônibus. Leiam o decreto abaixo, digitalizado por Adamo Bazani, do Blog Ponto de Ônibus.


Comentários

  1. "A ideia era imitar o padrão de Curitiba - hoje considerado decadente e com eficiência duvidosa"... Eu gostaria de analisar a pesquisa falando disso.

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  2. Parabéns pela matéria. Estou torcendo para que tudo isto possa tornar-se realidade e o RIO possa ser referência em transporte coletivo urbano dentro de alguns anos. Até o momento, somente uma cidade antecipou-se na questão do fim da pintura unificada que foi a cidade do interior baiano: Feira de Santana. Esperemos que esta nova safra de prefeitos eleitos em outubro de 2016 possa apresentar uma série de ações diferentes na arte de fazer política e nas quais acredito que uma delas poderia ser a volta da diversidade visual nas cidades que hoje já estão tão feias com tantas pichações e sujeiras de todo o tipo como publicidades coladas indevidamente em muros, pontos de ônibus, postes etc...

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