Agentes da Polícia Federal estiveram hoje de manhã cumprindo mandados de busca e apreensão de documentos no Instituto Jaime Lerner, onde fica o escritório do famoso arquiteto e ex-governador do Paraná, no Bairro Cabral, em Curitiba. A informação foi dada pelo Paraná Portal.
A medida faz parte da Operação Nosotros, que investiga irregularidades na licitação de ônibus BRT (Bus Rapid Transit) em Palmas, no Tocantins. A fraude para obras de construção de pistas teria sido feita no valor de cerca de R$ 260 milhões.
O prefeito reeleito de Palmas, Carlos Amastha, do PSB (partido da base aliada do governo de Michel Temer), poderá ser convocado a depor através do processo de condução coercitiva, medida considerada controversa e irregular, vista por especialistas mais como um ato de efeito e de apelo sensacionalista do que como um processo jurídico normal.
Ainda assim, também tem outros mandados de condução coercitiva e busca e apreensão de documentos. Irregularidades similares também estariam sendo investigadas nos Estados de Paraná e Santa Catarina. Já foi apontado que Florianópolis apresenta prováveis irregularidades na licitação do sistema de ônibus
IRREGULARIDADES
A ação policial desfaz o mito de que Jaime Lerner seria um "santo" quando o assunto é transporte coletivo. Seu padrão de sistema de ônibus, baseado em medidas ultraconservadoras como redução de frotas em circulação, pintura padronizada e dupla função de motorista-cobrador, segue uma mentalidade própria da ditadura militar.
Afinal, o próprio Jaime Lerner se formou na UFPR do reitor Flávio Suplicy de Lacerda, que, como ministro da Educação do governo do general Castelo Branco, estabeleceu reformas educacionais que causaram intensa revolta estudantil, há 50 anos.
Além disso, Lerner iniciou carreira política como prefeito "biônico" (nomeado pela ditadura) de Curitiba, em 1974, ano de lançamento de paradigmas tecnocráticos de transporte coletivo que nos tempos atuais já demonstra estar em decadência irreversível, vide os casos da própria Curitiba e cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, este de maneira ainda mais trágica.
Fora do âmbito da mobilidade urbana, Lerner tem um histórico de corrupção administrativa comparável a de políticos como Paulo Maluf, com uma ganância privatista que despreza o bem público e com esquemas de desvio de recursos públicos e superfaturamento de obras.
Quanto à licitação, as irregularidades deveriam ser observadas já pelo fato da pintura padronizada ser adotada, já que, na prática, as empresas que aparentemente são consideradas vencedoras passam a ser proibidas de exibir suas respectivas identidades visuais. Portanto, é uma licitação feita para esconder empresas de ônibus, o que comprovadamente não assegura transparência alguma.
Independente dele ser corrupto ou não, suas ideias sobre o BRT, canaletas, pinturas padrão, etc, são consagradas e exemplo para o mundo, revolucionando a mobilidade urbana. O autor deste texto deveria se informar um pouco melhor sobre o sistema da capital paranaense, pois em Curitiba, não há dupla-função dos motoristas. Além disso, as ideias ultraconservadoras vem de quem quer manter pinturas livres e o fim do sistema tronco-alimentador.
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