CONSIDERADO VELHO E FORA DE FABRICAÇÃO HÁ SETE ANOS, O MODELO MARCOPOLO TORINO 2007 AINDA CIRCULA EM ARACAJU COMO SE FOSSE UM MODELO SEMI-NOVO.
Ainda estão pendentes os acordos entre os rodoviários do Grupo Progresso, que atua em parte das linhas de ônibus de Aracaju, Sergipe, e os donos das empresas associadas. Uma paralização ocorrida na semana passada complicou a vida dos passageiros, e teve como principal motivo reivindicar o pagamento de salários atrasados dos trabalhadores. As negociações continuaram, até a edição deste texto, mas os rodoviários já haviam voltado ao trabalho.
As empresas de ônibus de Aracaju alegam que a fase da pandemia durante boa parte de 2020 e parte de 2021 trouxeram grave crise econômica, complicando ainda mais o transporte público na capital sergipana, que sofre com uma frota majoritariamente velha e uma renovação de frota que ocorre a passos de lesma. A última renovação de frota significativa ocorreu em 2020 e corre o risco de não acontecer este ano.
Em certos casos, há empresas que precisam renovar, pelo menos, 80% de sua frota de uma só vez, tamanha a idade útil de seus veículos. A capital sergipana vê ainda circularem carros de 2008 e 2009, sem previsão de que sejam vendidos a curto prazo.
Dois carros da CAIO Apache Vip II, fabricados em 2009, tiveram a dianteira alterada para CAIO Apache VIP IV, um da Capital e outro da Modelo, que originalmente eram da Viação Pendotiba, de Niterói que, por ironia, renova com rapidez a sua frota.
A empresa aracajuana Tropical havia devolvido seis dos novos carros Mascarello Gran Via 2014 adquiridos recentemente, devido à sua crise financeira. Em contrapartida, mantém carros antigos como o modelo Marcopolo Torino 2007, considerado velho e fora de fabricação há sete anos, mas é tratado pelas empresas de Aracaju como se fosse um modelo semi-novo, como se tivesse só três anos de lançamento.
A Progresso, líder do seu próprio grupo empresarial, está sem renovar frota há anos e decretou falência, entrando em processo de recuperação judicial para superar sua crise. A Capital e a Modelo, embora sejam consideradas com melhor frota, também mantém carros velhos da Torino 2007 que, em parte, foram repintados para parecerem "semi-novos".
SUPERPRODUÇÃO DA MARCOPOLO SUGERE QUE EMPRESAS DE SERGIPE PRIORIZEM COMPRA DE MODELOS DA CAIO, COMIL E MASCARELLO
A necessidade de renovação das frotas dos ônibus de Aracaju é um imperativo que irá permitir que veículos com idade menos antiga, como sete e oito anos de fabricação, sejam vendidos valorizados, por estarem em bom estado de conservação e garantir um retorno financeiro maior ao serem postos à venda.
Admite-se a aquisição de ônibus semi-novos, como os veículos do modelo CAIO Apache VIP IV fabricados entre 2017 e 2019 apenas para acelerar a substituição dos carros que têm mais de 10 anos de fabricação, diante da dificuldade das empresas em comprar carros mais novos.
ASSENTOS URBANOS DA MARCOPOLO (NO ALTO) SÃO CONSIDERADOS DESCONFORTÁVEIS, DIANTE DOS BANCOS DA CONCORRENTE CAIO.
Recomenda-se às empresas de ônibus de Aracaju a ênfase na aquisição de ônibus da CAIO, em preferência à Marcopolo que, além de estar em superprodução devido à aquisição das fábricas Ciferal e Neobus e, com a crise, da mudança de sua fábrica de urbanos de Duque de Caxias (RJ) para uma menor, em São Mateus (ES), seus ônibus urbanos são os que têm assentos menos confortáveis.
Os bancos de plástico com almofadas dos urbanos da Marcopolo são duros e os bancos acolchoados, além de não serem anatômicos, não estão à altura da cabeça do passageiro que quiser encostar a cabeça, o que é um risco do trabalhador que pega ônibus contrair dores na coluna e no pescoço na volta de uma rotina diária e cansativa de trabalho.
A CAIO apresenta assentos mais confortáveis, mesmo os bancos de plástico com almofadas, que trazem um conforto comparável aos bancos acolchoados. Os acolchoados, hoje comuns no modelo CAIO Apache VIP II, são também confortáveis e à altura da cabeça do passageiro médio. A Mascarello e a Comil usam bancos acolchoados confortáveis, também.
A aceleração de vendas dos ônibus velhos em Aracaju é uma boa oportunidade de evitar a desvalorização final dos veículos, quando eles só servem para transporte rural ou sucata. Vendendo ônibus com idade relativamente nova, em torno de sete, oito anos de fabricação, eles saem mais valorizados e podem ser vendidos para empresas de ônibus do interior, rendendo assim uma grana que pode ajudar a sanear as finanças das empresas em crise.
Numa pesquisa nas páginas de vendas de ônibus na Internet, os preços médios de modelos como Marcopolo Torino 2007 e CAIO Apache VIP II, lançados no final dos anos 2000, está com preço em torno de R$ 58.000. Carros com lotes fabricados em 2012 e 2013 - no caso da CAIO, o efêmero modelo Apache VIP III - podem custar até R$ 100.000, embora na maioria das vezes seu preço se situe em torno de R$ 85.000, em média. Um modelo como Marcopolo Torino 2014, mesmo dos lotes mais antigos, pode custar até R$ 120.000.
Imagine se as empresas de ônibus de Aracaju aceleram as vendas de seus ônibus, se livrando até mesmo de carros fabricados em 2013 e 2014. Isso poderia representar um alívio, relativo mas proveitoso, nas finanças, podendo ajudar a pagar dívidas e atrasos de pagamento. Por outro lado, se os ônibus ficarem mais tempo nas frotas, o valor tende a despencar, em média, R$ 20.000 ao ano, o que vai significar uma grande perda de dinheiro, com a desvalorização dos ônibus, na medida em que se tornam velhos.
A ideia, portanto, é acelerar, ainda este ano, a renovação de frota dos ônibus de Aracaju, de forma a aproveitar ônibus menos antigos enquanto eles estão com um valor de mercado bastante expressivo, atraindo assim mais dinheiro para que as empresas de ônibus possam pagar boa parte das dívidas e também contribuir para acertar o relógio no pagamento salarial dos rodoviários.
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