Pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro, o ex-titular do cargo Eduardo Paes é acusado de envolvimento em esquema de propinas da Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes do Estado do Rio de Janeiro), segundo delação do ex-presidente da entidade, Lélis Teixeira.
As denúncias também citam o atual prefeito, Marcello Crivella, mas apontam que o grosso da corrupção ocorreu justamente na gestão do ambicioso Paes, que atravessou eventos esportivos realizados no Estado, como parte da Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas Rio 2016.
É claro que acabar com a pintura padronizada nos ônibus não resolve em momento algum a corrupção no setor, mas é justamente confundindo diferentes empresas de ônibus com uma mesma identidade visual que se facilita, ainda mais, a corrupção, quando a sociedade perde a noção de identificação visual que poderia diferir uma empresa de ônibus de outra e permitir o reconhecimento de empresas deficitárias.
E foi essa lógica que Eduardo Paes, que não mediu escrúpulos de ofender os imigrantes e descendentes de portugueses quando, citando uma pintura verde-marrom da Braso Lisboa, criticou a diversidade de pinturas dos ônibus cariocas, teria promovido o esquema de corrupção com os empresários de ônibus.
Segundo Lélis Teixeira, houve um esquema de "caixa dois" que repassou a empresários, entre 2010 e 2016 - época das duas gestões de Paes - um valor estimado em R$ 500 milhões. Pelo menos treze vereadores e outros ex-vereadores teriam também sido beneficiados pelo esquema.
Nessa época, medidas antipopulares para os passageiros de ônibus haviam sido adotadas, como a pintura padronizada nos ônibus municipais. A medida criou um "modismo" que se estendeu em cidades da Região Metropolitana, como Niterói, São Gonçalo, Nova Iguaçu, Campos e Araruama, causando dor de cabeça para os passageiros que já precisam pagar suas contas, estudar para concursos, planejar trabalhos e ainda precisam redobrar a atenção para não pegar o ônibus errado.
Não bastasse isso, outras medidas nocivas vieram. Chegou-se a haver o fim da ligação Zona Norte-Zona Sul e o encurtamento de linhas de ônibus, prejudicando diversos passageiros. Uma passageira chegou a ser assaltada porque esperava o segundo ônibus para voltar para casa. A medida teve que ser revertida através de uma ação judicial, que não viu critérios técnicos para sua implantação.
Na época do fim da ligação Zona Norte-Zona Sul
O legado de Eduardo Paes foi a extinção de empresas importantes como Auto Viação Bangu e Transportes São Silvestre, diminuindo a quantidade de empresas de ônibus e sobrecarregando as já existentes. O serviço piorou consideravelmente e os passageiros reclamam da demora em várias linhas, antes com serviço exemplar, ainda que com eventuais imperfeições.
Por ironia, é justamente o legado de Eduardo Paes que impede que as empresas de ônibus invistam na despadronização visual, porque o ex-prefeito, famoso pelo pretenso populismo falsamente desenvolvimentista, praticamente promoveu a quebradeira das empresas, com o desvio de dinheiro para uma elite de empresários do setor.
Isso faz com que as empresas não tenham dinheiro suficiente para acelerar a repintura e a substituição dos carros, e mesmo empresas como a Viação Acari, que chegou a renovar frota de três em três anos, ainda tem que se virar com ônibus que estão com dez anos de fabricação.
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