Parlamentares da oposição na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ) obtiveram um número de assinaturas suficiente para solicitar ao plenário a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar irregularidades das empresas de ônibus do Grande Rio. O PSOL comandou a coleta de assinaturas.
As assinaturas colhidas totalizaram 27, quando o regimento interno da casa legislativa, sediada no Centro do Rio, determina o número mínimo de 24. O abaixo-assinado também é favorecido pelo fato de que não há CPIs em andamento ao mesmo tempo na ALERJ, o que dá mais chances do pedido ser aceito pelo plenário da assembleia.
Uma CPI dos Ônibus chegou a ser feita em 2013 na Câmara Municipal, mas ela foi manipulada pelos próprios aliados do então prefeito Eduardo Paes, que conduziram o processo para favorecer os interesses dos empresários de ônibus. A CPI, na prática, morreu no nascedouro.
A nova tentativa é motivada pela prisão de vários membros da cúpula do transporte no Grande Rio, feita pelo desdobramento da Operação Lava Jato, chamado Operação Ponto Final. Além de nove pessoas, o presidente da entidade, Lélis Teixeira, o empresário Jacob Barata Filho, herdeiro de Jacob Barata, o "Rei do Ônibus" no Estado.
PINTURA PADRONIZADA
Embora poucos se atentem com o problema dos "ônibus iguaizinhos", a ideia de esconder empresas de ônibus com uma mesma identidade visual, que variava apenas por outros critérios como zonas de bairros, tipos de ônibus e áreas metropolitanas.
A pintura padronizada, além de ser onerosa e cara - uma mesma empresa, ao atuar em várias áreas, chega a ter várias pinturas, refletindo nos custos que pressionam os preços das passagens - , estaria também confundindo os passageiros e favorecendo a corrupção, na medida em que, ocultando as identidades visuais das empresas, a sociedade tem dificuldades para identificar a empresa que presta mau serviço ou está ligada a um empresário investigado por corrupção.
O processo de padronização estava sendo gradualmente implantado no Rio de Janeiro, atingindo, só na região metropolitana, cidades como Niterói, São Gonçalo e Nova Iguaçu, além da própria capital. Um plano de expandir os "ônibus iguaizinhos" para o serviço do DETRO (cuja numeração é identificada pelo código RJ XXX.XXX) chegou a ser cogitado para 2016, mas o desgaste político do grupo do PMDB carioca cancelou a iniciativa.
A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro tem um prazo de 48 horas para analisar as assinaturas. Se acatar o pedido, instalará imediatamente a CPI. Já a Fetranspor, entidade dos empresários de ônibus, publicou nota afirmando que colabora com as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal e manifestou disposição à Justiça para prestar qualquer esclarecimento.
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