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CONGESTIONAMENTOS "ENSINAM" NITERÓI A PENSAR EM NOVA ESTRADA PARA RIO DO OURO E VÁRZEA DAS MOÇAS


Anteontem, um acidente com um caminhão de garrafas grandes de água mineral, na Av. do Contorno, em Niterói, complicou o trânsito, causando lentidão diante da pista molhada e da faixa de tráfego bloqueada devido à queda do veículo. Dias atrás, um acidente com um navio abandonado que, à deriva, atingiu parte da Ponte Rio-Niterói, fez o trânsito das duas pistas ficar parado durante horas, complicando a ligação da cidade com o vizinho Rio de Janeiro.

O que isso tem a ver com a Rodovia RJ-106, objeto de uma "silenciosa" polêmica? Muita coisa. Poucos percebem ou querem admitir, mas há uma situação surreal e complicada entre os bairros de Rio do Ouro e Várzea das Moças, que permanece uma novela interminável comparada ao antigo projeto da estrada Cafubá-Charitas, que levou 74 anos para sair do papel.

Rio do Ouro e Várzea das Moças não possuem avenida própria de ligação. A ligação dos dois bairros depende de um deslocamento, de alguma forma demorado, pelo trecho da Rodovia RJ-106, que é uma rodovia estadual e, no trecho niteroiense, atua como "avenida de bairro", acumulando de forma indevida suas atribuições.

Trata-se de um problema grave que ninguém vê. Coisa que mais parece filme de Luís Buñuel, por tamanho realismo. Isso porque a RJ-106 se destina a cidades distantes, na Região dos Lagos. Isso inclui cidades importantes, como Cabo Frio e Macaé, mas, apesar disso, nem as autoridades do Estado do Rio de Janeiro, nem o DER-RJ e nem as páginas de notícias sobre Niterói nas redes sociais, que prometem algo mais do que as pautas insossas da imprensa convencional, conseguem contemplar o assunto.

Ainda se vai entender o motivo de tamanha e absurdamente estarrecedora indiferença. Afinal, a RJ-106 não pode se manter como uma "avenida de bairro", porque ela precisa ter uma atribuição prioritária de ser um acesso, o mais rápido possível, da região de Tribobó para a Região dos Lagos, incluindo áreas sem muitas opções viárias alternativas, como o entorno de Saquarema, Maricá e Sampaio Correia.

Com a função de "avenida de bairro", a RJ-106 sofre com a presença do tráfego dos dois bairros niteroienses. Além dessa situação obrigar o tráfego que vai para lugares distantes diminuir a velocidade, tendo alguma perda de tempo, há também riscos de acidentes graves, como no fato de um dos trechos da RJ-106, sentido Cabo Frio, no cruzamento com a RJ-100 (Estrada Velha de Maricá), em que os veículos das duas vias podem se bater ao trafegarem em alta velocidade.

Há também transtornos econômicos, como o fato de vários caminhões fornecedores de produtos vierem de regiões distantes no Brasil, e precisam de maior rapidez para fornecê-los em mercados localizados em locais como Saquarema e Araruama. Com a "avenida de bairro", a velocidade dos veículos é reduzida e há um atraso que, por menor que possa ser, gera algum prejuízo nos mercados locais.

CRESCIMENTO DA REGIÃO OCEÂNICA EXIGE URGÊNCIA PARA A NOVA VIA

Há um terreno entre Rio do Ouro e Várzea das Moças que poderia servir não só para a nova estrada, avenida ou rodovia, como pode também incluir a construção de um novo terminal, a acolher linhas destinadas aos dois bairros, e a expansão do corredor de ônibus da via expressa dos ônibus da Linha Oceânica.

Esse terreno permanece ocioso ou com algumas casas, e tanto a Prefeitura de Niterói quanto o Governo do Estado do Rio de Janeiro podem indenizar os proprietários para liberar o terreno para a nova pista. Mas a expansão desordenada que envolve a especulação imobiliária ameaça transformar o terreno num paredão de prédios e complicar ainda mais o tráfego da RJ-106, com automóveis indo e vindo das garagens dos condomínios.

A expansão da Região Oceânica, que irá mudar a paisagem dos bairros de Itaipu, Engenho do Mato e Piratininga - com o surgimento de um novo bairro, Boa Vista, no entorno da Estrada Frei Orlando e do Itaipu Multicenter - , pode também pressionar a necessidade de criação de uma avenida ou rodovia ligando Rio do Ouro e Várzea das Moças. A medida é de máxima urgência.

Afinal, o crescimento imobiliário pode refletir no tráfego e no aumento da demanda de localidades como São Gonçalo e Itaboraí para as praias oceânicas de Niterói. Isso irá agravar ainda mais o trânsito, se nada for feito. Será inútil investir em duplicação da RJ-106, porque os problemas da "avenida de bairro" serão mantidos e, talvez, piorados.

As ações a serem feitas envolvem o aproveitamento do terreno ocioso, com desapropriação de residências mediante indenização justa aos proprietários, para a nova rodovia, que pode até ser privatizada e administrada por uma concessionária privada. Além disso, na RJ-106 deveriam ser construídos mergulhões para que o trânsito nas vias vizinhas ou transversais pudesse ser feito sem causar problemas de tráfego, permitindo assim a rapidez do tráfego na rodovia estadual.

O que não pode mais haver é essa indiferença do niteroiense médio, que precisa entender a mobilidade urbana além de medidas óbvias como recapeamento de asfaltos (definida sob nomes pomposos de "macrodrenagem" e "palotragem") e construção de ciclovias, medidas necessárias mas não únicas. Manter a condição da RJ-106 como "avenida de bairro" entre Rio do Ouro e Várzea das Moças pode causar sérios danos ao tráfego, num prazo de cinco anos.

Os dois incidentes não ocorreram na RJ-106, mas dão uma ideia ao niteroiense indiferente de como existem transtornos no tráfego. A vivência dos engarrafamentos no Centro niteroiense, sobretudo nas vias de acesso à Ponte Rio-Niterói, já é bem conhecida dos moradores de Niterói, mas é necessário acabar com a mentira de que o trânsito da RJ-106 no trecho niteroiense é "sempre tranquilo". Imagens do Google Maps não mostram a realidade viva do cotidiano.

Alguns vídeos abaixo explicam a necessidade de construir uma nova via entre Rio do Ouro e Várzea das Moças. Para que a superação do descaso não repita a vergonhosa demora de sete décadas em reconhecer a necessidade da estrada Cafubá-Charitas, é necessário não só ver os vídeos a seguir, mas também divulgá-los para um número maior de pessoas, principalmente através da imprensa, como os jornais O Fluminense, O Dia e O São Gonçalo, ou em canais das redes sociais, como Niterói Alerta, Radar Niterói e RJ Notícias. 

O que não pode é ficar indiferente ao problema da "avenida de bairro" da RJ-106, que trará sérias complicações ao trânsito no futuro. Vamos aos vídeos, reiterando que eles precisam ser amplamente divulgados:






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