EMPRESAS DE ARACAJU, PELO MENOS, DEVERIAM ACELERAR A VENDA DE ÔNIBUS VELHOS PARA AJUDAR A PAGAR SALÁRIOS ATRASADOS.
A novela do sistema de ônibus de Aracaju, extremamente deficitário com ônibus superlotados, velhos e que demoram a chegar, pois as linhas são servidas com poucos ônibus, continua. E continua também o drama de 250 rodoviários que foram demitidos, que não tiveram salários pagos e nem garantia de direitos trabalhistas.
As demissões ocorreram por efeito da pandemia, e os protestos dos rodoviários, como motoristas, cobradores e funcionários da manutenção ocorreram hoje, em frente à Câmara Municipal de Aracaju, devido ao não atendimento das reivindicações dos demitidos. Há também ameaças de que os ônibus da capital sergipana adotem a dupla função do motorista-cobrador, causando mais demissões e ameaçando a segurança dos passageiros, devido à sobrecarga funcional dos motoristas.
Um comunicado do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros (SETRANSP) afirmou que irá buscar soluções de aporte extra tarifário, redução ou isenção de impostos e subsídios. "Os maiores custos entre as despesas para prestação do serviço são a mão de obra e o combustível, e as empresas têm enfrentado entraves para arcar com esses custos que são básicos para o funcionamento do transporte. Principalmente, diante do aumento do valor desses custos, como o diesel cresceu somente este ano quase 60%".
Por sua vez, membros da Câmara Municipal de Aracaju receberam os manifestantes, mas não foi divulgado um parecer da casa parlamentar a respeito do assunto. A crise do setor ocorre há mais de um mês e Aracaju chegou a sofrer uma paralização de dois dias do seu sistema de ônibus.
ÔNIBUS REFORMADOS DEVERIAM SER VENDIDOS
Há notícias de que carros velhos das empresas estão sendo reformados para parecerem novos, como vários do modelo Marcopolo Torino 2007, que não é fabricado há sete anos. Vários veículos desse modelo de carroceria são usados e o grupo Capital / Modelo, controlados pelo cearense Fretcar, recebeu ônibus de terceira mão da Torino 2007 em 2019, que foram fabricados em 2011.
É até bem vindo reformar os carros e dá-los aspectos de novos, mas o grande problema é que os carros têm idade avançada de fabricação, o que podem fazê-los desvalorizar no mercado. Não dá para fingir que um carro de 2011 é "novo" por causa da reforma, como pretexto para manter fixo nas frotas das empresas, quando se é possível, para obter uma renda maior, vendê-los imediatamente quando eles ainda têm um valor significativo no mercado.
Um carro da Torino 2007 ou da CAIO Apache VIP II (fabricado entre 2007 e 2012) podem ainda ser vendidos com um preço de R$ 60.000 em média, o que ajudaria a minimizar a crise financeira das empresas. Sendo um veículo do lote fabricado em 2013, o preço de mercado pode chegar a R$ 120.000.
Infelizmente, parece existir uma tradição informal de que o sistema de ônibus de Aracaju, em termos de idade das frotas, tenha uma década de defasagem, o que causa mal-estar nos passageiros, que têm que enfrentar ônibus lotados, velhos e desconfortáveis, o que, para quem vai e vem do trabalho, contribui para o cansaço físico, comprometendo o rendimento no serviço.
Os ônibus demoram muito para vir, porque as linhas operam com frotas insuficientes. Muitos ônibus são curtos. A ênfase na aquisição dos modelos da Marcopolo, quando as concorrentes CAIO, Comil e Mascarello oferecem assentos mais confortáveis, pois nem mesmo os bancos estofados da Marcopolo são confortáveis, considerados baixos para quem, cansado do trabalho, quiser cochilar numa viagem de volta para casa. A Marcopolo também está sendo acusada de problemas técnicos em ônibus novos.
Há também a falta de pulso firme da Prefeitura de Aracaju e sua Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito, que permite que ônibus circulem com bancos de plástico sem almofadas, o que faz com que mesmo sentando num assento a viagem de ônibus urbano seja dolorosa e cansativa. Permitir um desconforto desses é um descaso e é necessário mudar as mentalidades de autoridades e empresários de ônibus.
A venda de ônibus antigos, acelerando a renovação de frotas, poderia ajudar a minimizar os custos. O prolongamento da vida útil pode desvalorizar os veículos para vendas, só restando vendê-los para empresas de transporte rural ou para firmas de sucatas.
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