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EMPRESAS DE ÔNIBUS DE SALVADOR PECAM POR SOBRECARGA DE LINHAS OPERADAS

 

HIPOTÉTICA EMPRESA "CONSÓRCIO NAZARÉ", QUE DEVERIA ASSUMIR AS REGIÕES DE BROTAS, LIBERDADE, BARRA E CENTRO, SE PUDESSE SER A QUARTA EMPRESA DO SISTEMA INTEGRA, MPLANTADO EM 2014 EM SALVADOR.

O fim da Salvador Norte, uma das empresas surgidas pelo sistema Integra, fez o sistema de ônibus de Salvador, que já é problemático há, pelo menos, trinta anos, se tornar pior ainda. Se o sistema de ônibus pecava até na língua porrtuguesa, com a sigla de um sindicato patronal, SETPS, ser ridiculamente pronunciada com "setépis", a situação tornou-se mais complicada quando o Integra passou a ter somente duas operadoras, Ótima (ou OT Trans) e Plataforma.

Embora haja virtudes, como a boa logística de itinerários de linhas e o fato de que as antigas empresas operadoras terem sido extintas, convertidas nas novas empresas - diferente do que ocorre num sistema com padronização visual, em que diferentes empresas existem sob uma mesma identificação visual - , a coisa começou mal quando, em vez de pelo menos quatro empresas, surgiram apenas três.

Originalmente, tivemos a Ótima, voltada para as regiões de Cabula, Cajazeiras, Pau da Lima e Castelo Branco, resultante da fusão de antigas empresas "independentes", como Transol, São Cristóvão, União (única do antigo grupo Joevanza a aderir à nova empresa), Modelo, Expresso Vitória e, inicialmente, Vitral (que depois saiu da Bahia)

Tivemos também a Plataforma, integrada por quase todo o grupo Joevanza (a titular Joevanza mais Boa Viagem, Praia Grande e Axé) e operando pelas regiões da Península Itapagipe, Pirajá / São Caetano e Subúrbio Ferroviário. E a Salvador Norte foi a mais sobrecarregada, por assumir o chamado "Miolo", que inclui desde as regiões de Aeroporto e Itapuã, passando por toda a orla marítima e cobrindo também as regiões de Brotas, Liberdade, Barra e Centro, operada pela fusão das "filhas" da antiga Vibemsa: BTU, Ondina, Central, Verdemar e Rio Vermelho.

A cor vermelha, que não tem relação com o Integra, correspondeu a uma empresa intermunicipal, a Bahia Transportes Urbanos, que acolheu a fusão das frotas intermunicipais da BTU, ODM (Ondina intermunicipal) e Via Nova (Rio Vermelho intermunicipal). A BTM serviria para absorver carros mais antigos da Salvador Norte. Recentemente, porém, a BTM foi adquirida pela Viação Sol de Abrantes (VSA) e está aos poucos repintando a frota para uma pintura inspirada pelo visual da nova proprietária.

No sistema Integra, houve uma redistribuição de bairros, o fim das linhas em pool - aliviando os passageiros e reduzindo o risco de "pegas" que diferentes empresas faziam para disputar passageiros sob um mesmo percurso - e até as "frotas reguladoras", uma praga interminável no sistema de ônibus soteropolitano, pelo menos se voltavam à frota da mesma empresa do sistema Integra.

O grande erro foi não ter dividido o "Miolo" em, pelo menos, duas empresas. Deveria ter havido a divisão da área operada, uma para o Aeroporto, Itapuã e boa parte da orla marítima até o Rio Vermelho e o entorno da Federação, e outra servindo as regiões de Barra, Centro, Brotas e Liberdade.

Imaginamos, com base na pintura original do sistema Integra, que em suas diferentes empresas colocava, na lateral dianteira dos ônibus, quatro cores (verde, azul, amarela e cinza), um hipotético consórcio para a área de Barra, Centro, Brotas e Liberdade, com o nome de "Consórcio Nazaré", baseado num possível nome que o sistema Integra adotaria neste caso. A cor cinza, embora parecesse desagradável, toma como base as quatro cores enumeradas pelo design original do Integra.

O ideal seria que houvessem mais empresas, mas se tivessem sido quatro teria sido razoável. A própria iniciativa de diferir as cores das placas de linhas, adotadas em 2007 pelo sistema de ônibus de Salvador, sinalizava isso, com a placa vermelha para Itapagipe, Subúrbio e Pirajá / São Caetano, a placa amarela para Barra, Centro, Brotas e Liberdade, a placa Verde para Cabula, Cajazeiras e Pau da Lima / Castelo Branco e a placa azul para Aeroporto, Itapuã, Orla e Federação.

Com a sobrecarga, a Salvador Norte foi a que mais penou no sistema Integra, tendo dificuldade para gerir suas linhas. Foi também a que mais teve ônibus queimados e problemas para renovar suas frotas. Ela chegou a comprar ônibus usados, incluindo quatro da hoje extinta empresa carioca Auto Viação Bangu e vários outros de uma empresa de ônibus do Ceará.

Mesmo assim, a crise se agravou com denúncias de administração deficitária e corrupção, e a Consórcio Salvador Norte - apelidada pelos busólogos baianos de CSN - sofreu intervenção da Prefeitura de Salvador e teve linhas transferidas para a Plataforma, Ótima e até mesmo para o sistema de micrões STEC, de transporte complementar.

Recentemente, as empresas Plataforma e Ótima receberam novos carros refrigerados do modelo CAIO Apache VIP IV - solicitado meses antes do lançamento do modelo Apache VIP V - , que tendem a, em vez de repor os carros mais antigos, ter que se somar às frotas que compensarão a falta da Salvador Norte, na tentativa de reforçar o sistema de ônibus com a extinção da empresa de cor azul.

Com o risco da Salvador Norte ser definitivamente extinta - surgem fortes rumores de que isso aconteça - , o sistema de ônibus da capital baiana ficará sobrecarregado com apenas duas empresas, o que fará com que o colapso que já derrubou antigas empresas como Ogunjá, Transur e outras se repita. E, com isso, alternando períodos de grande renovação de frotas com anos em que não se adquirem novos carros e deixam os existentes envelhecerem e se desgastarem. Triste sina para os passageiros soteropolitanos.

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