Morreu na noite de ontem o vice-prefeito do Rio de Janeiro e ex-secretário municipal de Transportes, o também engenheiro e professor Fernando MacDowell. Única esperança para reverter a decadência do sistema de ônibus do Rio de Janeiro, sobretudo acabando com o esconde-esconde da pintura padronizada, há tempos ele não exercia o cargo do setor, se limitando a ser vice-prefeito.
Com 72 anos e sofrendo os efeitos de um grave infarto no miocárdio, ele estava internado desde o dia 13 no CTI (Centro de Tratamento Intensivo) do Hospital Vitória, na Barra da Tijuca, já com estado grave. Ele chegou a fazer uma angioplastia coronariana de emergência. Com sua morte, o prefeito Marcelo Crivella decretou luto oficial por três dias.
MacDowell foi um dos que combatiam a arbitrariedade da pintura padronizada nos ônibus, uma medida própria da ditadura militar e que se baseia na imposição de um mesmo visual para diferentes empresas de ônibus. A medida confunde os passageiros comuns e favorece a corrupção político-empresarial por dois aspectos, como a concentração poder do Estado ou município e pelo fato de que a pintura padronizada esconde as empresas irregulares, confundidas com outras de melhor atuação.
A princípio, MacDowell acumulava as funções de prefeito e secretário de Transportes. Mas, há três meses, a pasta dos Transportes passou a ser de responsabilidade de Rubens Teixeira, que no entanto não parece engajado em devolver, às empresas de ônibus, o direito de exibir as respectivas identidades visuais.
DESGASTE
Apesar de não haver indício, ainda, de que os ônibus do Rio de Janeiro vão se despadronizar, o modelo de 2010 imposto, sem consulta popular e sob uma votação "às escuras", pelo então prefeito carioca Eduardo Paes, sofre um sério desgaste. Se Fernando MacDowell está falecido, os ônibus padronizados estão na UTI.
O que se observa agora são ônibus sucateados, empresas mudando de nome sem conhecimento do passageiro, ônibus demorando a chegar nos pontos, itinerários encurtados, motoristas estressados (ainda mais acumulando função de cobrador), acidentes que, a cada mês, geram uma média de 40 feridos e dois mortos. Empresas antes consideradas boas como Real e Pégaso têm sua frota completamente sucateada, velha e com lataria amassada, assentos soltos e pneus carecas.
O modelo se revelou tão desgastado que até o "patrulhamento" de uma minoria de busólogos, que queria impor o "pensamento único" do apoio à pintura padronizada (PP, como eles diziam), só causou prejuízo à busologia do Rio de Janeiro, que ganhou má fama em todo o Brasil pelo fato dos busólogos fluminenses terem fama de agressivos, arrogantes e intolerantes.
Consta-se que um busólogo da Baixada Fluminense, que passou a fazer cyberbullying nas redes sociais e se encanou em fazer um blogue para ofender desafetos (a página foi denunciada para o SaferNet, especializado em crimes da Internet), exagerou na arrogância e na perseguição aos desafetos que a única coisa que conseguiu quando foi para os locais onde viviam suas vítimas é ser visado por milicianos que o confundiam com um rival.
Consta-se que, nos estacionamentos próximos ao Carrefour em Niterói, por exemplo, milicianos ligados à Máfia das Vans - a mesma envolvida no assassinato da juíza Patrícia Accioli - fazem ponto e observam quem tira fotos no local. Vendedores ambulantes e mendigos (alguns fazendo ponto diante do Restaurante Popular) servem de informantes para os milicianos.
Segundo relatos de vários busólogos através de mensagens por e-mail ou mídias sociais, o excesso de valentia de um busólogo intolerante, que já tinha problemas com seu blogue de ofensas, por pouco não gerou uma tragédia, que seria o preço caro de quem não mede escrúpulos de agredir e ofender os outros e, na ânsia de persegui-los e ameaçá-los, quase arrumou problemas mais graves contra si, porque a aparência do tal busólogo pode ser confundida com a de um chefe de milícias.
Ultimamente, as práticas de cyberbullying e outras práticas de intolerância social no Rio de Janeiro estão sendo alvos de muito questionamento e processos judiciais. Da mesma forma, como são atitudes de ódio e desrespeito humano, os agressores acabam também se expondo negativamente, e a certeza de impunidade e a ilusão do prestígio inabalável não são garantias de que o agressor espertalhão também não sofra consequências graves que não poderá resolver.
A "patrulha" da pintura padronizada, que fazia com que busólogos apoiadores dessa medida xingassem os outros de "seu m...", desgastou a busologia do RJ, que praticamente se isolou no narcisismo cego de sua "panela" de apoiadores.
Só que, agora, o efeito bumerangue acontece e, se antes os opositores da pintura padronizada eram xingados de "viúvas de latas de tintas", agora os apoiadores da PP é que recebem apelidos pejorativos: "beatas de carimbo de prefeitura", "devotos de São Carimbo", "padronizetes", "Dalilas do Sansão" (em alusão ao secretário de Transportes, Alexandre Sansão) e "bussonaros" (trocadilho com o político preferido dos valentões, Jair Bolsonaro).
Isso não é bom. A agressividade, o ódio, a intolerância e a falta de escrúpulos de ofender quem discorda de seus pontos de vista, só faz com que os busólogos de "pensamento único" do apoio forçado à pintura padronizada se desgastem e o feitiço se volta contra o feiticeiro, quando quem queria assassinar reputações acaba sendo desmoralizado, e não adianta reagir com furioso vitimismo, acusando os outros de tal desmoralização.
Não é aquele que denuncia o agressor que é culpado pela desmoralização deste. A desmoralização do valentão é culpa dele mesmo, e não é porque ele se acha o "rei da cocada preta", a ponto de um sujeito desse tipo, com seu "blogue do eu sozinho" de ônibus do RJ, propor uma caravana para um evento de busologia na Região Serrana. Isso depois de agredir boa parte dos busólogos com seus fakes do bem, truculência nas redes sociais e com blogues anônimos de calúnias e difamação.
de excessiva valentia, arrogância, intolerância, desrespeito (ainda mais copiando textos e fotos dos outros para fins de difamação) e ameaças que fazem, evidentemente, do agressor o culpado, porque ele é responsável pelos seus atos e responderá pelas consequências que ele hoje pensa poder evitar mas que, depois, não saberá mais resolver seus próprios impasses.
Só a blindagem raivosa, desesperada e psicótica de uma minoria de busólogos que apoiava a pintura padronizada nos ônibus revela o desgaste do modelo, a partir dos apoiadores, diante de uma realidade de ônibus sucateados, corrupção político-empresarial e os transtornos piorados sofridos pelos passageiros no dia a dia, sem saber mais para onde ir com tantas empresas iguaizinhas que circulam até com bandeira eletrônica pifando e tudo.
Quanto a Fernando MacDowell, desejamos aos seus familiares e amigos muita força de espírito para superar essa perda triste, e fica aqui nossa solidariedade e a lembrança da trajetória desse brilhante engenheiro urbanístico, que deixa um legado significativo para o Rio de Janeiro.
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