Um dia depois de mais um ciclista ter morrido no bairro de Pilares, depois de se chocar com um ônibus da Viação Novacap da linha 371 (Praça Seca / Praça da República), fiscais do Procon foram para diversas garagens de ônibus na cidade do Rio de Janeiro investigar irregularidades nos veículos de pelo menos quatro empresas cariocas.
As empresas foram Transportes Vila Isabel, Transportes Estrela Azul, Transportes Paranapuan e Auto Viação Jabour, conhecidas por várias queixas sobre irregularidades como ônibus enguiçados, acidentes com mortos e feridos e o simples estado de conservação das frotas, que circulam normalmente com a lataria amassada e até mesmo com baratas. 22 ônibus foram apreendidos.
A Secretaria Municipal de Transportes Rodoviários (SMTR) faz muitas cobranças e promessas, visando desde construção de vias para pedestres e ciclistas até treinamento de motoristas. Mas já existem reclamações das pessoas quanto ao poder concentrado do órgão e da complexa estrutura dos consórcios, fator que está influindo na decadência do sistema de ônibus carioca.
PADRONIZAÇÃO VISUAL ESCONDE IRREGULARIDADES
A padronização visual adotada em 2010 estaria escondendo irregularidades ocorridas nos ônibus municipais do Rio de Janeiro, fato até agora ignorado pela grande mídia, mas comprovadamente observado no cotidiano das ruas. A proibição de cada empresa de ônibus exibir sua identidade visual anda dificultando a observação dos passageiros comuns quanto à sua natureza de serviço, o que facilita a corrupção.
FOTO DIVULGADA NO FACEBOOK CONFIRMA QUE A PADRONIZAÇÃO VISUAL DIFICULTA A ATENÇÃO DO PÚBLICO ATÉ MESMO EM MUDANÇA DE NOME DE EMPRESA.
Uma das empresas que mais se envolvem em acidentes de ônibus e veículos enguiçados é a Viação Nossa Senhora das Graças, novo nome da antiga Viação Saens Peña. A mudança só foi realmente observada na frota rodoviária, que mantém a identidade visual, enquanto a frota urbana, que adota a pintura padronizada, não apontou qualquer tipo de mudança essencial.
A farra política que está por trás dessa medida supostamente técnica, mas que não passa de uma propaganda política de prefeituras ou órgãos governamentais - no caso de linhas intermunicipais - , estaria irritando empresários de ônibus, rodoviários e passageiros, tamanha a concentração de poder que as secretarias de transporte atribuem para si.
As secretarias, a partir do caso da SMTR - cujo titular, Carlos Roberto Osório, usa um tom de voz parecido ao de um sargento do Exército - , estariam confundindo poder regulador, dedicado somente a fiscalizar o sistema, com poder controlador, expresso já a partir do vínculo de imagem das frotas de ônibus à Prefeitura do Rio, o que sugere que a prefeitura carioca é "dona" dos ônibus.
A pintura padronizada seria, portanto, uma linguagem que indica que a prefeitura teria realizado a licitação dos ônibus cariocas, mas estaria privando a população de reconhecer a identidade visual de cada empresa, enquanto a prefeitura, sob o pretexto dos consórcios, estaria exercendo monopólio de imagem nos ônibus cariocas, que agora também exibem o anúncio publicitário da prefeitura.
Sem poder exibir as respectivas identidades visuais, as empresas entendem que a prefeitura, através da pintura padronizada, atribuiu para si a responsabilidade e a tutela das frotas de ônibus em circulação no Rio de Janeiro, o que faz as empresas deixarem de fazer a manutenção adequada das empresas já que as frotas, no entender de seus donos, "são da Prefeitura".
Com isso, o sistema de ônibus carioca estaria decaindo por conta dessa distorção de atribuições, em que um órgão regulador na verdade estaria exercendo abuso de poder e criando problemas para a sociedade, através de um modelo de mobilidade urbana antiquado que só fazia sentido (e olhe lá) nos tempos da ditadura militar.
Em se tratando de um grupo político como o de Eduardo Paes e Sérgio Cabral Filho, que demonstraram que são surdos à vontade popular e cegos às leis, a prepotência da SMTR faz muito sentido, o que faz ela ser também responsável pela decadência do sistema de ônibus carioca.
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