Por Alexandre Figueiredo
Depois do fracasso da padronização visual dos ônibus do Rio de Janeiro que, por razões políticas, faz prevalecer a medida, forçando a barra para os passageiros cariocas, agora é Niterói que adere à camuflagem visual de seus ônibus.
É uma lógica autoritária de licitação, de certa forma ilegal, porque contraria os princípios da Lei 8666 no que diz à funcionalidade e ao interesse público (embora esse ilegalidade possa facilmente ser desmentida por desculpas falaciosas e "técnicas"), servindo mais como propaganda política das prefeituras e afirmação política dos secretários de transporte.
Essa medida, que visa os eventos esportivos de 2014 e 2016, foi implantada pela primeira vez em Curitiba, durante a ditadura militar. O ato de esconder as empresas de ônibus com uma identidade padronizada dificulta a identificação visual e permite que abusos sejam cometidos à revelia dos passageiros. E faz com que o reconhecimento exato de cada empresa seja um privilégio elitista de tecnocratas, autoridades e busólogos "profissionais".
Seu idealizador, Jaime Lerner, transformou esse modelo, tecnocrático e autoritário, de mobilidade urbana, numa franquia que ele vende para o resto do país, enquanto promove, em seu Estado de origem, seu esquema politiqueiro ao lado de José Richa e seu filho Beto Richa, este por sinal "paquerado" por Carlinhos Cachoeira.
A ilusão da novidade, no entanto, não impede que a realidade desse modelo mostrasse seu desgaste em cidades onde foi implantado há muito mais tempo, como Curitiba, São Paulo e Belo Horizonte. Em Curitiba e São Paulo pesquisas sérias já apontam para a decadência e saturação desse modelo, com dificuldades assumidas pelos próprios técnicos da URBS e SPTrans, as respectivas controladoras do transporte.
Mesmo assim, no Rio de Janeiro nota-se que o sistema de ônibus piorou com a implantação desse modelo. O número de ônibus enguiçados e acidentados aumentou consideravelmente e mesmo empresas antes conceituadas, como Real, Matias, Braso Lisboa e Pégaso, já mostram ônibus com lataria amassada, coisa que já ocorreu com os Mega BRS da Translitorânea.
Até mesmo entre os defensores mais radicais da padronização visual e outras medidas de caráter tecnocrático há busólogos extremamente reacionários, que aproveitam a ocasião para humilhar quem discorda deles. A rixa entre busólogos do Rio de Janeiro já chama a atenção dos busólogos de outro país e começa a preocupar as autoridades na hipótese de terem, ao seu lado, busólogos encrenqueiros nos camarotes da Copa de 2014 e Olimpíadas de 2016.
FISIOLOGISMO POLÍTICO
Tais medidas para o transporte coletivo, aparentemente, parecem dignas de aplausos, mas a ficha cai quando se nota quem é que defende esse modelo de mobilidade urbana.
São políticos que só veem a Educação pelo aspecto material, na construção ou reforma de escolas para atender à agenda das empreiteiras, e que menosprezam a questão da Saúde. Verbas para esses dois setores são muitas vezes desviadas para outras prioridades, isso quando não é para os esquemas de corrupção dos políticos envolvidos.
Na ditadura militar, políticos conservadores, inclusive o próprio Lerner, estão por trás desse modelo de transporte. Ultimamente, ele está associado ao fisiologismo do grupo político de Eduardo Paes e Sérgio Cabral Filho, no Rio de Janeiro, e de Jorge Roberto Silveira, na vizinha Niterói, "cliente" de Jaime Lerner.
Jorge Roberto, filho do histórico político Roberto Silveira (morto prematuramente em 1961), no entanto andou decepcionando, e muito, na administração da cidade. Seu mais grave erro foi a negligência quanto a pareceres técnicos sobre o risco de desabamento do Morro do Bumba, publicados em 2006 pela Universidade Federal Fluminense.
A negligência fez a tragédia anunciada se cumprir em 2010, matando mais de 50 pessoas e deixando muitos desabrigados, sem casa definitiva até hoje e alguns já voltando ao local da tragédia, por não terem onde ficar.
Por sinal, "bumba" é uma gíria paulista para ônibus, e, para completar a derrubada do Morro do Bumba em 2010, derruba-se o "bumba" niteroiense dentro de uma semi-estatização que nem de longe trará de volta os bons tempos da SERVE, mas, quando muito, os piores momentos da CTC de seus últimos anos.
Péssima notícia: tomei conhecimento no Facebook de que as empresas municipais de Petrópolis serão OBRIGADAS a bancarem como "Moderninhas". Aquilo, os políticos estragando o VERDADEIRO hobby para fazer propaganda política e creio que seja por motivos eleitorais visando as Eleições de Outubro. Está se alastrando como um verdadeiro "câncer".
ResponderExcluirDepois da VIAÇÃO CIDADE DO RIO DE JANEIRO (VCRJ) com a farda da BUSCOPAN, da VIAÇÃO CIDADE DE NITERÓI (VCNIT) ou EXPRESSO NITERÓI com a farda do BABALOO, agora, a farda da VIAÇÃO CIDADE DE PETRÓPOLIS (VCP). Lamentável e a busologia "Profissional", evidentemente, se lixando.
Esclarecimento do Patrick Rodrigues no Facebook: não houve fardamento em Petrópolis.
ResponderExcluirPelo menos a pintura da Viação Cidade de Niterói é mais bonita do que a da Viação Cidade do Rio de Janeiro...
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